PETIÇÃO PÚBLICA
O Fórum Hip Hop
Municipal, da cidade de São Paulo e as instituições de Direitos Humanos que
abaixo subescrevem a presente epígrafe, vem a público, com fundamento no Art. 5º, XXXIV, ALÍNEA "a"
da Constituição da República Federativa do Brasil, PETICIONAR AO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e levar a mister dos
poderes públicos fatos ilegais ou abusivo, contrários aos interesse público, a
fim de que se possa tomar as medidas necessárias em defesa de interesses
coletivos da Juventude Paulista e do Brasil perante os órgãos do Estado de São
Paulo, conforme descrito no texto abaixo.
O Fórum “Hip Hop Municipal” é um espaço aberto de
diálogo entre posses, grupos e integrantes do movimento Hip Hop da cidade e o
Poder Público de São Paulo.
Desde agosto de 2005, o fórum, representado por mais de trinta coletivos de Hip Hop de diversas regiões da cidade, tem se reunido para discutir políticas públicas de juventude a partir das demandas do Movimento Hip Hop. Um dos, oito eixos temáticos das ações é “Atuar contra a violência policial”.
Desde agosto de 2005, o fórum, representado por mais de trinta coletivos de Hip Hop de diversas regiões da cidade, tem se reunido para discutir políticas públicas de juventude a partir das demandas do Movimento Hip Hop. Um dos, oito eixos temáticos das ações é “Atuar contra a violência policial”.
Embora a Constituição Brasileira estabeleça que os Jovens sejam
Prioridade Absoluta, (“art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” - Emenda
Constitucional n.° 65 de 13 de julho de 2010) e a Declaração de Direitos
Humanos em seu artigo 5° (“Ninguém será submetido à tortura, nem a
tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”- Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 10/121948), proteger o ser humano de todas as formas de
violência, o Estado de São Paulo, vem desrespeitando os respectivos diplomas
legais.
O Estado de São Paulo tem sido palco de atos
de atrocidades e não é de hoje. Quem não se lembra do Massacre do Carandiru,
cujo feito culminou na música “diário de um detento” dos Racionais MC’s. Invasões
a presídios e FEBEM’s; os Crimes de Maio de 2006, mais de 400; assassinatos de
MC’s na baixada santista, entre abril e maio de 2012 foram 6 óbitos. E atualmente
pós-reunião de cúpula entre o Governador do Estado de São Paulo, a Secretaria
de Segurança Pública e a Polícia Militar cerca de 200 pessoas foram
assassinadas. Trata-se de uma prática de Violência do Estado, Extermínio e
Genocídio da Juventude. A média de homicídios contra os jovens do Brasil se
manteve na casa dos 8,5 mil anuais durante a última década.
Como bem divulgou a Defensoria Pública: “Uma guerra silenciosa
acontece em São Paulo. Até julho deste ano, a Polícia Militar de São Paulo foi
responsável pela morte de 200 pessoas, somente na capital, e a Rota (Ronda
Ostensiva Tobias de Aguiar), nos primeiros 5 meses de 2012, matou 45
suspeitos. No mesmo período de 2011, foram 31 mortes, e em 2010 foram 22, o que
representa um aumento de 104,5% em dois anos. Em apenas 15 dias, entre 13
e 28 de junho, aconteceram 140 mortes na capital paulista, o dobro do mesmo
período de 2011. E esta guerra que
acontece em São Paulo reflete, de forma mais exacerbada, o drama brasileiro da
violência. Segundo uma compilação de pesquisas da Pastoral Carcerária e do
Instituto Sou da Paz, a principal vítima desta guerra tem um perfil definido. É
homem, de 15 a 24 anos, pardo ou negro, e possui atividade remunerada no
mercado informal. No Brasil, morrem 139% mais negros do que brancos. Entre 2001
e 2010, o número de mortes violentas de jovens brancos caiu 27,5%, já o número
de vítimas negras aumentou 23,4%”.
Segundo Daniela
Skromov de Albuquerque, Defensora Pública, o estado mantém hoje um índice
histórico de mortes cometidas por policiais. “São Paulo mantém um média oficial
que gira em torno de 500 a 600 mortes cometidas por policiais anualmente,
número maior que o total de mortes oficiais cometidas por agentes do Estado
durante todo o período da ditadura, isso no Brasil.” A defensora também
criticou a maneira como essas mortes são investigadas. “A polícia altera a cena
do crime, não faz perícia muitas vezes, coloca a vítima na viatura já morta
para caracterizar um falso socorro e, pior, muitas vezes não recolhe nem as digitais
para identificar a vítima”.
À vista dos fatos
narrados o Fórum Hip Hop e as Entidades de Direitos Humanos presente solicita
providências:
1.
Acolhimento
do presente documento para possível abertura de inquérito civil público dentre
outros formas de apuração;
2.
Desmilitarização
da Polícia Militar e a extinção da Rota Comando;
3.
Apuração
dos crimes cometidos por Polícia Militar;
4.
Responsabilização
do Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin e da cúpula da Secretaria
de Segurança Pública e da Academia de Polícia Militar do Estado de São Paulo
por crimes contra os Direitos Humanos, Contra a Humanidade e Genocídio da
Juventude;
5.
Execução
do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência contra a Juventude Negra da
Secretaria de Geral da Presidência (Governo federal) no Estado de São Paulo;
6.
Criação
de uma Agenda de Enfrentamento da Violência Contra a Juventude;
7.
Atendimento
e apoia às famílias vítimas de homicídios praticados pela polícia;
8.
Campanha
Nacional contra o Genocídio da Juventude;
9.
Regulamentação/Extinção do uso de armas não letais.
São
Paulo, 26 de Julho de 2012.
Nestes
Termos,
Pede
Deferimento
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