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sexta-feira, 25 de março de 2011

Perspectivas e desafios para o Movimento Hip Hop na atualidade: tarefas centrais.

Por Wellington Lopes Goes ativista do núcleo cultural força ativa e do fórum de Hip Hop, MC do grupo de rap Fantasmas Vermelhos

fantasmasvermelhos@hotmail.com

Perspectivas e desafios para o Movimento Hip Hop na atualidade: tarefas centrais.

Um passo em frente e dois passos atrás”

Quando se trava uma luta prolongada, tenaz e apaixonada começam a delinear-se, geralmente ao fim de certo tempo, os pontos de divergência centrais, essenciais, de cuja solução depende o resultado definitivo da campanha, e em comparação com os quais os episódios menores e insignificantes da luta passam cada vez mais para segundo plano” (LENIN)

Sem querer fazer comparações com período histórico em que Lenin propõe essa reflexão para responder a questões de sua época, estamos partindo desta premissa por entender que em linhas gerais essa citação do autor pode servir de análise e de elementos para traçar a médio e longo prazo estratégias no avanço ou no refluxo das lutas sociais para qualquer movimento que se propõe ao questionamento desta sociedade.

Feito esta ilustração se faz necessário evidenciar que estamos partindo de uma situação específica e olhando para o movimento Hip Hop de São Paulo, colado nas ações do Fórum de Hip Hop desta cidade, de todo modo algumas questões são de ordens gerais podendo ser estendida para outros locais.

O fórum de Hip Hop nestes últimos anos canalizou de forma organizada um tipo de participação no sentido de pautar a importância da execução da lei que institui a semana de Hip Hop na cidade de São Paulo, tal feito foi alcançado neste ano em que a semana teve como tema central o nosso posicionamento político “Contra o Genocídio da juventude negra”, não vou aqui entrar nos empecilhos surgidos neste processo.

Na linha da conquista da lei essa questão já foi superada, uma vez que a democracia do Kapital comporta este tipo de reivindicação e que não altera em nada o “metabolismo social” desta sociedade, muito menos afeta algum pilar que dá sustentação a sociedade capitalista.

Após aproximadamente três décadas de movimento Hip Hop no Brasil olhando para sua trajetória, onde surge como novidade contando a história da juventude negra por meio da expressão dos quatro elementos, se organizando como posse em determinado período, questionando o racismo, em outros momentos sendo incorporado ao mercado, domesticados por Ongs, objeto de estudo da academia burguesa, censurado e boicotado dentro da democracia, contribuindo para processos disciplinares da juventude dentro da escola, sendo instrumentalizado por partidos de direita e de “esquerda”, por igrejas etc. vemos que a contradição sempre esteve presente na história do Hip Hop.

Dentro deste quadro apresentado temos algumas tarefas que são centrais se estivemos pensando no avanço do movimento Hip Hop e sair deste quadro de paralisia institucional ditado por editais públicos.

Tarefas imediatas:

  • Precisamos de um estudo sério da trajetória do movimento Hip Hop no Brasil, buscando a historização deste percurso, mas que não caia nos estudos ruins que foram produzidos até hoje de forma subjetivista, precisamos de algo que transite nas contradições desse movimento concatenando com o contexto que esteve e/ou está inserido, de tudo que foi produzido sobre Hip Hop no Brasil 98% pode ser jogado fora na lata de lixo, ou melhor, nem será preciso já que irá apodrecer nas bibliotecas das respectivas faculdades;

  • Voltar sua atuação para fora das instituições do Estado e de sua extensão pragmática: as Ongs;

  • Consolidar espaços de discussões de diversas naturezas, espaços de formações e de seminários;

  • Se atentar ao quadro atual da realidade brasileira;

  • Difundir os quatro elementos de forma diferenciada do que o mercado e a mídia estão exigindo;

  • Criar um centro de documentação que preserve a memória e a história deste movimento e que seja disponibilizado e compartilhado entre os interessados;

  • Produzir sua própria mídia para formas de veiculação das produções realizadas;

  • Reconhecer os limites do próprio movimento;

  • Combater o pluralismo de idéias, essa herança maldita da democracia liberal etc;

Todas essas questões e outras são tarefas que precisam ser discutidas pelo movimento Hip Hop e o espaço privilegiado que temos que ter como ponto de partida é a realização de um simpósio que seja construído de forma autônoma para avaliar, reconstruir o movimento, tirar linhas gerais de atuação no sentido de perspectivar algo na defesa do oprimido.

Se não for por esta via, tantas outras são possíveis, basta ser experiências coletivas que não reproduz o que está dado e que nem faça parte da ordem estabelecida, para os conformados com a situação atual que sigam o seu caminho rumo ao nada, rumo ao abismo.

Retomando a frase do Lenin “Um passo em frente e dois passos atrás” temos que pensar pra onde estamos andando? Pelo visto estamos longe desta metáfora e simplesmente estamos praticamente estancados diante dos processos de dominação de classe.

Para finalizar cito novamente Lenin:

Aqueles que semeiam vento colherão um furacão” (LENIN)


Lenin: Revolucionário que participou da revolução russa em 1917, para saber mais consultar: http://www.marxists.org/portugues/lenin/index.htm


São Paulo, Março de 2011

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