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terça-feira, 19 de abril de 2016

Chacina na sede da Pavilhão Nove completa um ano

Falta de punição para o crime, que só tem um preso, tornou a data ainda mais difícil para familiares
Por: Amanda Gomes
amanda.gomes@diariosp.com.br
19/04/2016 09:56
  

Familiares e amigos das oito vítimas executadas há um ano pediram Justiça em ato na Praça da Sé / Nelson Nunes/ Diário de SP
Toda vez que a comerciante Andrea Garzillo, de 38 anos, acha que a morte de seu filho Jhonatan Fernando Garzillo, 21, foi apenas um pesadelo, tira da gaveta a foto do rapaz com as mãos na cabeça e ensanguentado, e acorda para a realidade cruel. Nesta segunda-feira (18), um ano após a chacina da torcida organizada do Corinthians Pavilhão Nove, que deixou oito mortos, as mães e outros parentes ainda tentam amenizar a dor clamando por Justiça.
A falta de punição para o crime, que só tem um preso, o ex-policial militar Rodney Dias dos Santos, tornou a data ainda mais difícil, principalmente pela lentidão da Justiça e do Ministério Público. Outro PM, Walter Pereira da Silva Júnior, chegou a ser preso, mas foi solto em dezembro do ano passado.
As vítimas da chacina: Fábio, Ricardo, André, Matheus, Jhonatan, Marco, Mydras e Jonathan / Arquivo Pessoal
Nesta segunda, a comerciante foi ao cemitério prestar homenagem a seu filho. Ela disse que antes de morrer, ele conseguiu realizar o sonho de ser pai “Minha neta tinha 8 meses quando o Jhonatan se foi. Ele lutou muito para ser pai porque a mulher dele já tinha perdido um bebê.”
Andrea tenta o conforto se dedicando à neta . “A dor é insuportável e para aguentar é preciso se apegar em alguma coisa. Eu me apeguei em Deus, na minha neta e na minha filha de 13 anos. Estou viva por causa delas. Guardo a foto do Jhonatan porque preciso trazer essa realidade para mim. Tem dia que é impossível de acreditar.”

Assim como ela, a dona de casa Roseli Maria Fonseca, 41, também tenta suportar o sofrimento guardando todas as lembranças de seu filho Matheus Fonseca de Oliveira, 19, outra vítima da matança.
Roseli, mãe de Matheus, pede justiça / Nelson Nunes/Diário SP
A cama dele está montada com os adesivos do Corinthians. Os pôsteres e camisas do time do coração também estão guardados. A dor é tanta que em uma gaveta há até um pedaço do ovo de Páscoa que guardou para Matheus comer.
“O ovo está na embalagem do mesmo jeito. Não consigo mexer em nada. É como se ele estivesse presente em tudo. Tenho força por causa dos meus outros quatro filhos que precisam de mim, mas dói muito”, disse.
Roseli explicou que Matheus, que trabalhava em um supermercado, era quem sustentava a casa para ela poder cuidar dos outros filhos pequenos. “Ele me ajudava muito. Agora vivo apenas com a ajuda dos meus pais. Fiquei sabendo da morte dele pelo Facebook. Fomos abandonados”, explicou.
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Pai da vítima Marco Antônio Corassa Júnior, 19, o empresário Marco Corassa, 55, sobrevive ao duro golpe lutando por justiça. “Cadê o terceiro suspeito? Cadê o MP que pediu para soltar um e não mandou investigarem melhor?”, questionou.
O empresário contou que no último domingo (17) recebeu um DVD, uma homenagem dos familiares, com as fotos de Marco desde criança. “Tenho muita saudade. É uma mistura de medo, dor, revolta. Meu filho era estudante, trabalhador e sempre o criei para o bem. Vivo de lembranças. Quando não choro de dia, faço isso na madrugada. É muito difícil”, desabafou.
Na casa de Lana Batista, 26, mulher do compositor e sambista Mydras Schmidt, 38, os prêmios que ele ganhou por causa de suas canções – um deles do DIÁRIO, o Troféu Nota 10 – estão guardados na estante. Nestes últimos 12 meses, sua vida mudou de cabeça para baixo.
Lana, esposa de Mydras, conta que sua vida mudou muito depois do assassinato dele / Nelson Nunes/Diário SP
“Até hoje não consegui me levantar.  Tenho dois filhos para criar (2 e 6 anos) e, além da dor de perder meu marido, fiquei sem casa porque não consegui pagar o aluguel. Se não fosse pelos meus pais, estaríamos morrendo de fome”, disse.
Ela afirmou não crer mais em justiça. “Um lado meu grita por isso e o outro chora. Não acredito mais que algo será feito. Todos os dias fico me torturando em pensar que ele sofreu, que viu a morte dos amigos  e, depois, ficou 30 minutos agonizando. Minha filha achava que o pai morreu de acidente de moto, mas já fala que foram bandidos que o mataram na motocicleta. Tem noção do que é ouvir isso?”, revoltou-se.
Ontem, familiares amigos fizeram um ato na Praça da Sé, no Centro, para pedir justiça e lembrar das oito vítimas.

DEPOIMENTO 
Joselita Maria Neves, 62 anos, dona de casa
"O assassino do meu filho comeu na minha mesa", conta Joselita, mãe de Fábio / Nelson Nunes/Diário SP
"Hoje (nesta segunda), assim como todos os outros dias, é de muita saudade e tristeza. Cada dia que passa ficamos mais decepcionados com a Justiça porque nada está sendo feito. O assassino do meu filho já comeu na minha mesa. Minha dor é grande, principalmente, em saber que o poder público e a imprensa falaram que o alvo era meu filho (Fábio Neves Domingos).
É muito difícil para uma mãe ouvir isso, é duro. Na época, as pessoas falaram para eu não sair de casa porque os outros parentes estavam revoltados. Mas era tudo mentira. Eles sempre me apoiaram e até hoje fazem isso. Nós não acreditamos nessa versão, mas também nunca deram explicação sobre o que aconteceu ou o motivo. Falaram que ele era traficante, mas nunca nenhum policial bateu na minha porta. Se ele era o alvo, como dizem, o assassino sabia tudo da vida do meu filho e poderia matá-lo em outro lugar. Ninguém provou nada contra ele.
Tenho forças porque meu filho me deixou um netinho, que tem o nome dele. Agora está com 3 meses. Ele morreu sem saber que seria pai. Acabaram com nossa vida e aos poucos o poder público está esquecendo da história. Mas jamais vamos esquecer".
Local da chacina virou um barracão de escola de samba / Nelson Nunes/Diário SP
Torcida abandona barracão e se muda para Itaquera
O que sobrou da sede da Pavilhão Nove, que fica embaixo da Ponte dos Remédios, na Zona Oeste, foram as duas traves de gol. Após a chacina, a torcida organizada se mudou para Itaquera, na Zona Leste, que na última sexta-feira (15), foi interditada pela Prefeitura, a pedido da Secretaria de Segurança Pública, durante uma operação, por falta de vistoria do Corpo de Bombeiros.
Agora, o prédio velho é ocupado irregularmente pela escola de samba da torcida organizada. O responsável por cuidar do local é Ivan Menezes, 56, que mora ali há dez anos. “Eu não tenho medo de ficar aqui, preciso trabalhar. Todo dia passo onde meninos foram mortos, faço uma oração por eles e agradeço por minha vida. Não morri por questão de minutos”, afirmou ele.
O fato de o prédio ainda estar aberto revolta os parentes das vítimas que pedem o fechamento do local. “Dói muito ver aquele lugar aberto e me pergunto o motivo de estar funcionando. Estou fazendo  abaixo-assinado para pedir a interdição”, explicou o empresário Marco Corassa, pai de uma das vítimas.
A  Prefeitura disse que foi solicitada autorização para uso da área em ensaios carnavalescos, mas o pedido foi negado. Os responsáveis foram intimados para desocuparem o local.
Bandeira em homenagem aos mortos estendida durante o ato / Nelson Nunes/Diário SP

‘Agiram como terroristas do Estado Islâmico’
Segundo promotor, os executores mandaram as vítimas se ajoelharem e dispararam na cabeça delas
por Ulisses de Oliveira - ulisses.oliveira@diariosp.com.br
Os acusados de matar os oito torcedores do Corinthians naquele 18 de abril de 2015 agiram como os terroristas do Estado Islâmico, jihadistas que vêm assombrando o mundo nos últimos anos com extermínios de suas vítimas pelo mundo.
Segundo o promotor responsável pela investigação da chacina da Pavilhão Nove, Rogério Leão Zagallo, as vítimas que sobreviveram à matança descreveram a cena de horror. “Foram postos em um círculo e executados com requinte de crueldade exagerado. As fotos da perícia comprovam isso.”
Sobre o processo, que está em fase final, Zagallo afirmou que as provas contra o único preso até hoje, o ex-policial militar Rodney Dias dos Santos, são robustas e ele “certamente” será condenado pelos oito homicídios.
“O motivo desse crime leva ao Rodney,  ao confronto dele com o Fábio (Neves Domingos, ex-presidente da organizada e inimigo declarado do acusado)  tanto  na administração da torcida como  em relação ao exercício do tráfico de drogas.”
Outro acusado pelo múltiplo homicídio, o PM Walter Pereira da Silva Júnior, que chegou a ser preso, mas foi solto para responder em liberdade, “provavelmente será inocentado”.
“Um faxineiro do local (que foi poupado) reconheceu Rodney, mas nunca demonstrou muita certeza da participação de Walter. Então, as informações sobre o Walter estão se perdendo”, afirmou.  Portanto, para o Ministério Público, o único alvo, agora, é Fábio. “As outras vítimas morreram porque estavam no lugar errado.”
Além do faxineiro, outro sobrevivente que conseguiu fugir da execução correndo afirmou ao MP sobre a  existência de um terceiro atirador. Essa informação ainda está sendo apurada em inquérito paralelo pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa). “De qualquer forma, há acusados não identificados”, admite o promotor.
Sobre as críticas dos familiares em relação à lentidão do processo e à soltura de Walter, Rogério  se defende. “Quem marca a data da audiência e manda ficar preso ou soltar é a juíza. Estão me criticando porque o Walter está livre, ms não há prova. O que querem que eu faça? É compreensível a crítica, mas eu ajo com a técnica.” Em  junho, a Justiça vai decidir se os dois réus serão levados a júri popular. 

RESPOSTA DA SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA 
De 2015 até agora, estado registrou 13 matanças
Sobre o terceiro executor na chacina da Pavilhão Nove, a Secretaria de Segurança informou seguir tentando identificá-lo. Outras 11 matanças ocorreram no estado em 2015. Este ano uma foi registrada.
Sobre os casos ocorridos em Osasco e Barueri, em agosto, os inquéritos foram relatados e o Ministério Público denunciou oito suspeitos: sete PMs e um guarda-civil. Quatro deles seguem presos.
A polícia investiga os crimes da Vila Jacuí (2/2), do Parque Santo Antônio (7/3), do Jaçanã (9/4) e do Jardim São Luís (1/7) e segue tentando identificar os autores.
Em Mogi das Cruzes, três chacinas ocorreram no ano passado. Dois PMs estão presos por dois casos e o terceiro segue sem identificação de autoria. Sobre as mortes em Embu-Guaçu, o autor foi preso em flagrante. A respeito da execução de um grupo de jovens em Carapicuíba, três PMs foram presos e, depois, liberados. O caso de Caraguatatuba, no litoral, segue em apuração. Na chacina de Guarulhos, em 2 de janeiro, testemunhas ainda são ouvidas e ninguém foi identificado.
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UM ANO APÓS CHACINA, PAVILHÃO NOVE CONVOCA PROTESTO NA PRAÇA DA SÉ

Oito torcedores da Pavilhão 9 foram assassinados na sede da organizada em 2015
Oito torcedores da Pavilhão 9 foram assassinados na sede da organizada em 2015
Foto: Reprodução/Facebook
Nesta segunda-feira, 18 de abril, completa um ano da chacina dentro da quadra da Pavilhão Nove. Na ocasião, os torcedores se preparavam para o clássico contra o Palmeiras, no dia seguinte, e três homens armados entraram dentro do local e executaram oito membros da Pavilhão.
Um ano depois, o episódio segue sem uma resolução e os torcedores e familiares das vítimas brigam por justiça. Para isso, a Pavilhão Nove fez uma convocação geral para uma protesto nesta segunda-feira.
Por meio de divulgações nas redes sociais, a torcida pede para que todos compareçam na Praça da Sé, no Centro de São Paulo, para "juntos protestarmos e homenagearmos nossos oito irmãos que tiveram suas vidas tiradas de forma covarde".
A concentração está marcada a partir das 17h e ainda vai contar com a presença de diversos grupos de rap.
O crime aconteceu no início da madrugada de 18 de abril do ano passado. André, Edilsinho, Fábio, Jhow, Markinho, Mydras, Matheus e Ricardo, como escrito nas faixas e publicações da Pavilhão, foram os membros que perderam a vida naquela noite. Até hoje, apenas dois homens foram acusados do ato - um policial militar e um ex-PM -, mas ainda não forma julgados. Uma audiência para prestar depoimentos está marcada para junho.

Confira a convocação da Pavilhão Nove no Facebook



18/04/2016 12h08 - Atualizado em 19/04/2016 07h02

Chacina que deixou 8 corintianos mortos na Pavilhão 9 completa 1 ano

Ex-PM e PM são acusados de executar vítimas em 18 de abril de 2015.
Primeiro réu está preso; segundo responde em liberdade em São Paulo.

Kleber TomazDo G1 São Paulo
Página da Pavilhão Nove no Facebook homenageia oito corintianos mortos há um ano na sede da torcida organizada, fechada pela prefeitura na semana passada por falta de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) (Foto: Reprodução / Facebook)Página da Pavilhão Nove no Facebook homenageia oito corintianos mortos há um ano na sede da torcida organizada, fechada pela prefeitura na semana passada por falta de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) (Foto: Reprodução / Facebook)
A chacina que deixou oito corintianos mortos a tiros na Pavilhão 9, na Zona Oeste de São Paulo, completa um ano nesta segunda-feira (18) com dois acusados pela execução aguardando a Justiça decidir se irão ser julgados.

De acordo com a acusação, o crime foi cometido no dia 18 de abril de 2015 por desavenças e ameaças entre um dos executores e uma das vítimas. Além de serem dirigentes da Pavilhão, eles disputavam pontos de tráfico de drogas na Zona Oeste da capital.

Os demais sete torcedores foram mortos com tiros na cabeça porque reconheceram os atiradores. Um corintiano conseguiu fugir e um faxineiro foi poupado pelos criminosos. Com o depoimento deles, a Polícia Civil chegou às identidades dos assassinos. Imagens de câmeras de segurançagravaram parte da ação criminosa.
Um ex-policial militar e um policial militar são réus no processo que apura os assassinatos. O primeiro está preso preventivamente, o segundo chegou a ser detido, mas foi colocado em liberdade por decisão judicial para responder em liberdade.

No próximo dia 27 de junho, o ex-policial Rodney Dias dos Santos e o policial Walter Pereira da Silva Júnior serão ouvidos pela Justiça no Fórum Criminal da Barra Funda. Além do interrogatório dos acusados, estão previstos os depoimentos das testemunhas de defesa deles.

Rodney, preso desde 7 de maio do ano passado, está atualmente no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros (CDP). O soldado Walter ficou retido pela Polícia Militar (PM), mas foi solto em 7 de dezembro de 2015.

De acordo com o Ministério Público (MP), responsável por denunciar Rodney e Walter à Justiça, os dois são acusados de entrar na sede da Pavilhão com mais um atirador. Os três, segundo testemunhas, mandaram Fábio Neves Domingos, ex-presidente da torcida e desafeto declarado de Rodney, se ajoelhar com mais sete outros torcedores na quadra.

Em seguida, o trio de atiradores disparou nas nucas de cada uma das vítimas. Além de Fábio, de 34 anos, foram mortos: Ricardo Junior Leonel do Prado, 34; Andre Luiz Santos de Oliveira, 29; Matheus Fonseca de Oliveira, 19; Jhonatan Fernando Garzillo, 21; Marco Antônio Corassa Junior, 19; Mydras Schmidt, 38; e Jonathan Rodrigues do Nascimento, 21.
Oito pessoas morreram neste domingo na sede da torcida (Foto: Reprodução/TV Globo)Oito pessoas morreram neste domingo na sede da torcida (Foto: Reprodução/TV Globo)
“Os assassinos agiram como os executores do Estado Islâmico, com as vítimas rendidas, ajoelhadas e mortas com tiros na cabeça”, afirmou ao G1 o promotor Rogério Leão Zagallo.
“Teve um torcedor que tentou correr e morreu do lado de fora. Sete morreram dentro da quadra”, comentou Zagallo. “O alvo era Fábio, mas os outros foram mortos porque estavam no local errado na hora errada e poderiam reconhecer os atiradores e os delatá-los à polícia”.

Segundo o promotor, o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) ainda investiga quem poderia ser o terceiro criminoso que participou da chacina.
 
Os assassinos agiram como os executores do Estado Islâmico, com as vítimas rendidas, ajoelhadas e mortas com tiros na cabeça"
Rogério Leão Zagallo, promotor
Apesar disso, o promotor antecipou à equipe de reportagem que as provas contra um dos réus identificados não é “forte” e existe a possibilidade de que ele não seja nem submetido à júri. “A prova contra o Rodney é muito boa, mas a prova contra Walter é fraca”, disse Zagallo. “É possível que ele seja até inocente”.

Segundo a acusação, testemunhas confirmaram a rixa interna na Pavilhão entre Fábio e Rodney, que assim como a vítima, também chegou a ser presidente da organizada. Relataram ameaças de morte entre eles.

Walter, porém, não foi reconhecido pelo faxineiro poupado pelos atiradores e pelo corintiano sobrevivente que escapou. O responsável pela limpeza teria saído vivo da quadra porque era conhecido de Rodney. O torcedor é uma das testemunhas protegidas no processo.

A ligação entre o policial e Rodney seria o fato de que os dois foram vistos uma vez numa festa da Pavilhão antes do crime. Além disso, a defesa de Walter anexou ao processo um vídeo que mostra o policial chegando de carro no seu condomínio momentos antes da chacina e não saindo mais de lá.
 Oito pessoas morrem depois de serem baleadas na sede da Pavilhão 9, na Ponte dos Remédios, em São Paulo, SP, na noite deste sábado (18) (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)Oito pessoas morrem depois de serem baleadas na sede da Pavilhão 9, na Ponte dos Remédios, em São Paulo, SP, na noite deste sábado (18) (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Pela chacina, o ex-policial e o policial respondem a processo por homicídios dolosos, nos quais há intenção de matar. “Fábio foi morto por causa da rivalidade que tinha com Rodney na administração da torcida e na disputa pelo tráfico de drogas”, falou Zagallo. “Em relação as outras sete pessoas assassinadas, morreram para não incriminar os assassinos”.

G1 não conseguiu localizar os defensores dos dois réus para comentar o assunto. A equipe de reportagem também não localizou os familiares dos torcedores mortos ou os representantes da torcida para falar do caso.

Na página da Pavilhão Nove no Facebook há uma homenagem aos corintianos mortos e a previsão de um ato às 17h desta segunda-feira na Praça da Sé para lembrá-los, com a presença dos parentes, grupos de direitos humanos e rappers.
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/04/chacina-que-deixou-8-corintianos-mortos-na-pavilhao-9-completa-1-ano.html

Um ano depois, parentes lembram chacina da Pavilhão 9 e pedem justiça

  • 18/04/2016 21h34
  • São Paulo
Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil
Para lembrar os oito mortos na chacina da Pavilhão 9, torcida organizada do Corinthians, e cobrar justiça, parentes das vítimas, integrantes da torcida e de coletivos e movimentos sociais fizeram um ato hoje (18) no início da noite na Praça da Sé, no centro da capital paulista. A chacina ocorreu há um ano.
No protesto, os manifestantes estenderam fotos e faixas e escreveram mensagens no chão com os dizeres “Justiça para Todos”. No microfone, lembraram os nomes de todos os mortos na chacina.
Mãe e viúvas
“Estou aqui pela injustiça. Está fazendo um ano hoje. Até agora não vi nada. Para mim está parado. O que quero é justiça. Tenho certeza de que ele [o filho] não volta mais, mas quero justiça”, disse Joselita Maria Neves, 62 anos, mãe de Fábio Neves Domingos, um dos mortos na chacina. “A Justiça de Deus não é falha, mas a da terra é. Estou desacreditada. Mas vou lutar até o fim da minha vida”, acrescentou.
Joselita chorou e disse que o filho foi apontado pela mídia como o motivo para a ocorrência da chacina. Na época do crime, policiais disseram a jornalistas que Fábio era o alvo do crime por dívida de drogas e que o fato de ter recebido mais tiros que os demais mortos comprovava essa tese. A mãe nega e diz que se o filho fosse o alvo, os criminosos não teriam atacado as outras vítimas na sede da organizada.
“Disseram que os outros morreram por causa do meu filho e isso dói muito para uma mãe. Estou aqui para pedir justiça. Meu filho era um menino trabalhador. Até hoje ninguém provou nada”, disse, muito emocionada.
Milena Maia do Prado, 64 anos, mãe de outra vítima da chacina, Ricardo Junior Leonel do Prado, também foi ao ato na Praça da Sé para pedir justiça. “As autoridades não fizeram nada. Quero justiça porque todos que morreram eram inocentes. Ninguém devia nada para ninguém. Meu filho era trabalhador e não voltou mais para casa. Ele não era bandido, era trabalhador”, disse, chorando.
Lana Batista, 26 anos, viúva de Mydras Schmidt, disse que no dia da chacina o marido passou rapidamente pela sede da Pavilhão 9, onde ocorria um churrasco. “O Mydras amava o Corinthians, mas ia vez ou outra em jogos. Porém, a influência dele na torcida era baseada mais no carnaval, porque ele era cantor e compositor do bloco da Pavilhão 9. Nesse dia, ele ia cantar e passou por lá rapidamente, tanto é que falei com ele uns 20 minutos antes e ele já ia sair para cantar em outro lugar. Ele vivia da música e era isso que sustentava a gente”, contou.
“É complicado aceitar que estou vivendo isso e que outras famílias também estejam. Independente deste caso, tem outros acontecendo e que são esquecidos por envolverem policiais e sermos pobres. Isso é lamentável. Eu não durmo, tenho dois filhos, perdi minha casa”, lamentou.
Outra vítima da chacina foi Mateus Fonseca de Oliveira, filho de Roseli Maria Fonseca, 41 anos. Segundo ela, no dia da chacina, o filho tinha ido à Pavilhão 9  pintar uma bandeira da torcida. “O que soubemos é que, naquele dia, houve festa entre eles, churrasco e futebol, e que muitos policiais ficaram rondando o local. Esperaram que o local ficasse vazio e, quando viram que tinham poucos lá dentro, invadiram para fazer isso. Tiraram a vida dos outros a troco de nada. Todos os meninos lá eram trabalhadores. Meu menino era trabalhador. Me mandou mensagem dizendo que tinha saído do serviço para ir lá pintar a bandeira para o jogo no domingo”, contou.
Roseli disse que seu filho era quem a ajudava no sustento da casa. “Esse ano para mim foi muito difícil. Tenho três filhos pequenos e não estou trabalhando e quem me ajudava em casa era o Mateus, que era o único que trabalhava. Ele era o meu braço forte em casa. Aconteceu tudo isso e fiquei sem chão e sem poder trabalhar porque é muita coisa com a qual você tem que ficar correndo atrás.”
A chacina
A chacina da Pavilhão 9 ocorreu no dia 18 de abril do ano passado. Por volta das 23h, três pessoas armadas entraram na sede da torcida organizada do Corinthians. Doze torcedores estavam no local quando os criminosos chegaram. Quatro conseguiram fugir, mas os demais foram obrigados a se ajoelhar e, depois, a deitar no chão. Todos foram executados. Sete morreram no local e um, no hospital.
Duas pessoas foram presas acusadas pela chacina: o policial militar Walter Pereira da Silva Junior, que também é investigado por participação em uma chacina ocorrida em Carapicuíba; e Rodney Dias dos Santos, ex-policial militar. Silva Junior foi solto em dezembro por falta de provas. Santos continua preso no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na zona oeste da capital. O terceiro participante da chacina ainda não foi identificado pela investigação policial.
Edição: Luana Lourenço

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-04/um-ano-depois-parentes-lembram-chacina-da-pavilhao-9-e-pedem-justica
PAVILHÃO NOVE EM ATO RAP DE UM ANO CONTRA OS CRIMES DA CHACINA DO DIA 18 DE ABRIL DE 2015.

RAPPER PIRATA

Ontem segunda feira, 18/04/2016, na Praça da Sé da cidade de São Paulo, em frente a igreja foi colocado um carro de som e diversas faixas Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica em protesto contra as falhas na apuração dos crimes ocorrido na quadra da torcida Pavilhão Nove, que era localizada debaixo da Ponte Vila do Remédios. Lá houve oito assassinatos de oitos torcedores: André, Du Memo, Edilsinho, Ferraz, Jhow, Markinho, Quadrilha e Mydras.,essa ação fora causada por funcionário público que atuam na policia militar do estado de São Paulo.

Nessa segunda se fez um ano da chacina, a qual policiais estão sendo inocentados pelo promotor Zagallo que defende as instituição do estado e não as vítimas, ele ignora que esses policiais são réus, o promotor tem praticado uma justiça que deixa as familias que são as vitimas o gosto de injustiça em sua garganta.
A Torcida Pavilhão Nove junto com o Forum Hip Hop MSP. Comite Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica , grupo Tortura Nunca Mais junto com os familiares realizaram um protesto que durou quatro horas na busca de justiça.

Houveram alem da falas de protesto, hinos e apresentação de diversos grupos de rap que formam o Forum quanto ao movimento hip hop da cidade de São Paulo.

forumhiphopeopoderpublico.blogspot.com.br








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