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segunda-feira, 14 de abril de 2025

Fórum Hip Hop MSP em parceria com o projeto Riscos e Efeitos

 No próximo domingo, dia 13/04/2025, o Espaço Fim do Mundo na Lapa foi palco de mais uma edição incrível do Fórum Hip Hop MSP em parceria com o projeto Riscos e Efeitos, do produtor DJ Pec Jay.

O evento reuniu diversas expressões da cultura hip hop, com a presença de MCsDJs e uma exposição de arte exclusiva do artista Dmart. Uma celebração à arte urbana, à resistência e à identidade cultural da periferia!

Além das batalhas de rima e apresentações de DJs consagrados, o público poderá prestigiar a exposição de grafites e obras que retratam a força do hip hop como movimento social e artístico.















































terça-feira, 8 de abril de 2025

DADOS LEVANTADOS PELO DO FORUM HIP HOP MSP SOBRE A DROGADIÇÃO E O ENCARCERAMENTO EM MASSA E SEUS EFEITOS NA POPULAÇÃO BRASILEIRA DE 1998 A 2025

A Nova Política Criminal Brasileira sobre Drogas: Avanços ou Retrocessos? (2007-2025)

A Nova Política Criminal Brasileira sobre Drogas: Avanços ou Retrocessos? (2007-2025)



2. Impactos do Encarceramento por Crimes Relacionados às Drogas no Brasil

2.1 Dados do Sistema Prisional Brasileiro

Presos por Tráfico de Drogas por Estado

Mapa de presos por tráfico de drogas por estado brasileiro. Fonte: G1/Globo

O sistema prisional brasileiro apresenta dados alarmantes:

  • Em 2024, a população carcerária total do Brasil atingiu 839,7 mil pessoas
  • O Brasil se mantém como o terceiro país que mais encarcera no mundo, atrás apenas dos EUA e China
  • Cerca de 30% dos detentos ainda estão presos provisoriamente, sem condenação definitiva
  • Aproximadamente 200 mil pessoas estão presas por crimes relacionados ao tráfico de drogas

2.2 O Tráfico de Drogas como Principal Causa de Encarceramento

Perfil dos Presos por Tráfico de Drogas

Perfil dos presos por tráfico de drogas no Brasil. Fonte: G1/Globo

O tráfico de drogas se consolidou como o delito que mais contribui para o encarceramento no Brasil:

  • Aproximadamente um em cada três presos responde por tráfico de drogas
  • Segundo dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais, o tráfico representa 23% dos delitos no sistema prisional
  • Desde a implementação da Lei 11.343/2006, houve um aumento de mais de 300% no número de presos por tráfico
  • A ausência de critérios objetivos para diferenciação entre usuário e traficante contribui para este cenário

2.3 Foco na Cidade de São Paulo

São Paulo apresenta particularidades no cenário nacional de encarceramento por drogas:

  • A cidade registra, em média, 17 suspeitos de tráfico presos ou apreendidos por dia
  • Em números absolutos, no primeiro semestre de 2024, foram detidas 3,1 mil pessoas por tráfico
  • O estado de São Paulo gastou R$ 3,7 bilhões com a guerra às drogas em 2023
  • Segundo pesquisas, o crack é a droga ilícita mais consumida na capital paulista, presente em 31% das respostas em levantamentos, seguido da maconha (9%)

Dados alarmantes: A cidade de São Paulo teve, em média, 17 suspeitos de tráfico de drogas presos ou apreendidos por dia durante o primeiro semestre de 2024. Em números absolutos, as forças de segurança detiveram 3,1 mil homens e mulheres, tanto em flagrante (2.945) quanto por meio de mandados judiciais (166) no período.


3. O Impacto nas Famílias Pobres e Adolescentes

3.1 Vulnerabilidade Socioeconômica e Drogas

Impacto nas Contas Públicas

Impacto nas contas públicas da adoção de critérios para tipificação do tráfico de drogas. Fonte: Fonte Segura - Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Estudos demonstram uma correlação significativa entre vulnerabilidade socioeconômica e os impactos negativos da política de drogas:

  • Famílias que vivem em situação de exclusão social são mais vulneráveis a problemas relacionados ao uso e abuso de substâncias psicoativas
  • A criminalização afeta desproporcionalmente as populações mais pobres, com menor acesso a defesa jurídica adequada
  • Mulheres pobres e negras estão na ponta da superexploração do tráfico de drogas e expostas a diversas violências

Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas revelou um paradoxo: embora 85% das pessoas que assumiram usar drogas sejam da classe A, o encarceramento atinge majoritariamente as camadas mais pobres da população.

3.2 Adolescentes e o Consumo de Drogas

O uso de drogas entre adolescentes apresenta características preocupantes:

  • As substâncias mais utilizadas pelos adolescentes são álcool, nicotina e maconha
  • O consumo de drogas pelos adolescentes aumentou nos últimos anos, com crescimento de mais de 12% entre meninas
  • O início precoce do uso de substâncias está associado a maior risco de desenvolver dependência e danos cerebrais em fase crucial de desenvolvimento
  • A maconha é referida como a droga mais consumida por aproximadamente 67% dos adolescentes usuários

Alerta: Ação das drogas no cérebro de adolescentes pode ser mais prejudicial devido ao desenvolvimento cerebral ainda em andamento. Existem diversas substâncias psicoativas, como o álcool, maconha e LSD que podem alterar ou comprometer permanentemente o desenvolvimento neurológico nessa fase crítica da vida.

3.3 Desestruturação Familiar

A política criminal de drogas produz efeitos devastadores na estrutura familiar:

  • O encarceramento de membros da família, especialmente das figuras parentais, compromete a estabilidade do núcleo familiar
  • A fragilização das relações, a desestruturação dos laços afetivos e as dificuldades financeiras são os problemas mais comuns
  • Pesquisa realizada pela Lenad Família revelou que pelo menos 28 milhões de pessoas no Brasil têm algum familiar dependente químico
  • O estigma social associado tanto ao uso quanto ao tráfico de drogas agrava a marginalização das famílias afetadas

Os dados mostram claramente que as famílias que vivem em situação de exclusão social são vulneráveis a problemas relacionados ao uso e abuso de substâncias psicoativas. O consumo de álcool constitui um dos graves fatores de risco para o adoecimento e morte em todo o mundo, principalmente entre os países mais pobres.


4. Análise Crítica da Política Criminal de Drogas (2007-2025)

4.1 Contradições do Modelo Atual

A política criminal brasileira sobre drogas apresenta contradições fundamentais:

  • Embora a Lei 11.343/2006 tenha despenalizado o uso de drogas, na prática, a falta de critérios objetivos para diferenciação entre usuário e traficante resulta em criminalização discricionária
  • O aumento das penas para tráfico não produziu redução efetiva no comércio ilegal de drogas
  • As abordagens policiais e judiciais são marcadas por viés racial e socioeconômico
  • O gasto público com encarceramento supera largamente os investimentos em prevenção e tratamento

4.2 Eficácia x Custo Social

Apreensões de Drogas no Brasil

Evolução das apreensões de drogas no Brasil. Fonte: Fonte Segura - Fórum Brasileiro de Segurança Pública

A avaliação da eficácia da política atual apresenta um quadro preocupante:

  • O tráfico de drogas corresponde a aproximadamente 4% do PIB brasileiro
  • Apesar do crescente número de prisões, o consumo de drogas continua em ascensão - globalmente, mais de 292 milhões de pessoas usaram drogas em 2022, um aumento de 20% em relação à década anterior
  • O custo social do encarceramento em massa inclui a desintegração familiar, o aumento da reincidência criminal e a perpetuação de ciclos de pobreza
  • O sistema prisional não cumpre seu papel ressocializador, funcionando muitas vezes como "escola do crime"

Impacto econômico: A pesquisa realizada pela Esfera Brasil e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que o tráfico de drogas corresponde a 4% do PIB brasileiro de 2021 - o cálculo considera o valor que seria arrecadado se toda a cocaína que passa pelo Brasil fosse exportada para a Europa.

4.3 A Questão da Saúde Pública

Há uma crescente percepção de que a abordagem prioritariamente criminal é insuficiente:

  • O uso problemático de drogas constitui uma questão de saúde pública que demanda abordagens integradas
  • Apenas uma em cada sete pessoas com transtornos por uso de drogas no mundo recebe tratamento adequado
  • O estigma e a criminalização dificultam o acesso precoce a serviços de saúde
  • A internação compulsória, privilegiada pela Lei 13.840/2019, apresenta eficácia limitada quando não integrada a outras estratégias terapêuticas

5. Perspectivas e Possibilidades de Mudança

5.1 Experiências Internacionais Bem-Sucedidas

Diversos países têm implementado abordagens alternativas com resultados promissores:

  • Portugal descriminalizou o uso de todas as drogas em 2001, redirecionando recursos da repressão para a prevenção e tratamento, com redução nos índices de uso problemático
  • O Canadá legalizou a maconha para uso recreativo em 2018, estabelecendo um mercado regulado com controle de qualidade
  • Uruguai implementou um sistema estatal de produção e distribuição de maconha, buscando enfraquecer o mercado ilegal
  • Suíça desenvolveu programas de prescrição de heroína para dependentes graves, reduzindo drasticamente as mortes por overdose e a criminalidade associada

5.2 Propostas para um Novo Modelo Brasileiro

Com base nas evidências científicas e experiências bem-sucedidas, algumas diretrizes poderiam orientar uma reforma da política de drogas no Brasil:

1. Estabelecimento de critérios objetivos para diferenciação entre usuário e traficante:

  • Definição clara de quantidades específicas para cada substância
  • Consideração de outros elementos contextuais além da quantidade

2. Fortalecimento da abordagem de saúde pública:

  • Ampliação da rede de Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPS-AD)
  • Implementação de programas de redução de danos
  • Criação de alternativas terapêuticas diversificadas, reconhecendo que não existe solução única para todos os casos

3. Alternativas ao encarceramento:

  • Implementação efetiva de penas alternativas para pequenos traficantes
  • Criação de Tribunais de Tratamento de Drogas para Famílias
  • Desenvolvimento de programas de justiça restaurativa

4. Prevenção baseada em evidências:

  • Programas de prevenção nas escolas com abordagem científica e não moralista
  • Fortalecimento de redes de proteção para adolescentes em situação de vulnerabilidade
  • Campanhas de informação precisas e livres de estigma

5.3 O Primeiro Plano Nacional de Políticas sobre Drogas (Planad)

Em 2022, o Brasil implementou seu primeiro Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, que traz alguns avanços:

  • Criação do Sistema Nacional de Prevenção às Drogas (Sinap)
  • Integração de boas práticas em um plano de ação de combate ao tráfico
  • Valorização de tratamento humanizado com foco na reinserção social
  • Abordagem intersetorial, envolvendo áreas de saúde, segurança, assistência social e educação

Inovação: O primeiro e mais importante eixo do Planad, o da prevenção, cria o Sistema Nacional de Prevenção às Drogas (Sinap). É uma plataforma com identificação e mapeamento dos principais focos de consumo no país para direcionar as ações de prevenção.


6. Conclusão: Por uma Política Humanizada e Eficaz

A análise da evolução da política criminal brasileira sobre drogas entre 2007 e 2025 revela um cenário complexo e contraditório. Se por um lado houve avanços na compreensão do fenômeno como questão de saúde pública, por outro, persistem abordagens punitivas que resultam em encarceramento em massa, afetando desproporcionalmente populações vulneráveis.

Os dados apresentados demonstram que a política atual produz custos sociais e econômicos expressivos, sem resultados proporcionais na redução do consumo e tráfico. A criminalização sem critérios objetivos contribui para a superlotação prisional e a discriminação socioeconômica, enquanto falha em proporcionar prevenção eficaz e tratamento adequado.

Uma política de drogas verdadeiramente eficaz e humana deve fundamentar-se em evidências científicas, respeito aos direitos humanos e compreensão das dimensões sociais, econômicas e de saúde do problema. A distinção clara entre usuários e traficantes, a priorização de estratégias de prevenção e tratamento, e a busca por alternativas ao encarceramento constituem caminhos promissores para mitigar os danos causados tanto pelo uso problemático de drogas quanto por políticas públicas inadequadas.

O momento atual, marcado pelo confronto entre a decisão do STF pela descriminalização da maconha para uso pessoal e a reação legislativa expressa na PEC 45/2023, evidencia a necessidade de um amplo debate social informado por dados e livre de moralismos. Apenas assim será possível avançar para uma política criminal sobre drogas que promova saúde, justiça e bem-estar social.


Referências

  1. Brasil. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Planalto
  2. Brasil. Lei nº 13.840, de 5 de junho de 2019. Planalto
  3. PEC 45/2023. Altera o art. 5º da Constituição Federal. Senado Federal
  4. Secretaria Nacional de Políticas Penais. Levantamento de Informações Penitenciárias. Gov.br
  5. Relatório Mundial sobre Drogas 2024 do UNODC. UNODC
  6. Brasil tem o primeiro plano nacional de políticas sobre o uso e o combate às drogas. Gov.br
  7. STF define 40 gramas de maconha como critério para diferenciar usuário de traficante. STF
  8. Um em cada três presos do país responde por tráfico de drogas. G1
  9. Percepções de famílias de baixa renda sobre o uso de drogas. SciELO
  10. Guerra às drogas consumiu R$ 3,7 bilhões de SP em 2023. G1

segunda-feira, 7 de abril de 2025

CASAS DE HIP HOP DE SP: A CULTURA e o Acesso ao Direito PULSA AQUI. Estrutura real da Politica Pública.

A Recepção: Onde Tudo Começa

Pode entrar, a casa é sua. Sinta a energia assim que você pisa aqui. Não é só um balcão de informação, é o ponto de encontro. O lugar onde as ideias começam a circular, onde a comunidade se reconhece antes mesmo de entrar nas salas. Aqui você pega as informações que precisa, descobre o que tá rolando, se conecta. É a porta de entrada não só para o espaço físico, mas para o universo que ele representa. Respire fundo, a jornada está só começando.

Pronto(a) pra seguir?

O Berço da Rima e do Beat: Salas de Oficinas e Estúdios

Agora, feche os olhos e ouça... Consegue escutar? É o som da criação. A batida começando tímida num computador, o scratch ensaiado num toca-discos, a voz buscando a rima certa, o clique da lata de spray sendo testada. Estas são as salas de oficinas e os estúdios.

É aqui que o conhecimento circula livremente. Jovens e veteranos trocando ideia, aprendendo e ensinando os segredos do Rap, do DJing, do Breaking, do Bbox, da Produção Musical e da Produção Visual. É o Hip Hop em estado bruto, sendo lapidado pela prática, pela troca, pela paixão. A mágica acontece aqui, no fazer.

Daqui, a criatividade flui para onde? Para o corpo e para a expressão coletiva...

A Pista Ferve: Espaços de Ensaio

Sente o chão tremer um pouco? É aqui que a energia explode. Nos espaços de ensaio, o corpo fala, a voz ecoa, o ritmo comanda.

Imagine crews de Breaking desafiando a gravidade, testando movimentos, suando a camisa em busca da sequência perfeita. Pense nos MCs formando cyphers espontâneas, afiando rimas, batalhando com respeito. Visualize os DJs concentrados nos toca-discos, aperfeiçoando cortes e colagens. Ouça os Bboxers criando universos sonoros apenas com a boca.

O ensaio é o laboratório, a preparação, o momento de errar e acertar juntos. É a força coletiva do Hip Hop em pura manifestação.

Mas a expressão não para no corpo e na voz... ela também colore o mundo.

Tela Infinita: O Espaço do Graffiti

Agora, imagine paredes que antes eram cinzas ganhando cores, formas, mensagens. Sinta o cheiro característico do spray no ar. Este é o território do Graffiti. Mais que um espaço físico, é a celebração da arte que transforma a paisagem urbana.

Aqui, artistas experimentam técnicas, compartilham visões, ensinam e aprendem. É onde a identidade visual do Hip Hop ganha força, onde a cidade se torna uma galeria a céu aberto, começando pelas paredes da própria Casa. É a expressão que marca presença, que dialoga com o cotidiano, que grita em silêncio.

E quando essa arte toda, do som, do corpo e do visual, encontra o público?

O Palco é Nosso: Espetáculos e Mostras

As luzes focam, o microfone está quente, a batida envolve a todos. Chegamos ao coração pulsante da Casa: o espaço de apresentações. Sinta a expectativa no ar, a conexão entre artista e público. É aqui que tudo converge.

Pocket shows que incendeiam a noite, batalhas de rima que testam a agilidade mental, apresentações de dança que hipnotizam, mostras que exibem o talento da comunidade, happenings que surpreendem. A Casa de Hip Hop é palco para quem tem o que dizer e mostrar. É a nossa cultura viva, vibrante, compartilhada. É a celebração do que somos.

Mas para celebrar o presente e construir o futuro, precisamos olhar para trás...

Raízes e Futuro: Centro de Memória e Biblioteca

Aqui, o tempo parece desacelerar um pouco. Respire fundo e sinta o peso da história. Este é o Centro de Memória e Biblioteca Audiovisual. Imagine estantes guardando não só livros, mas discos de vinil que contam histórias, CDs que marcaram épocas, artigos, TCCs, documentários que registraram nossa caminhada.

É o acervo da nossa luta, da nossa arte, da nossa gente. Um espaço para pesquisar, estudar, se inspirar e, principalmente, para não esquecer. Porque honrar nossas raízes é o que nos dá força para seguir em frente. Conhecimento é poder, e memória é identidade.

domingo, 6 de abril de 2025

 

Defesa de Políticas Culturais Estruturais do Hip Hop | São Paulo desde 2005

Defesa de Políticas Culturais Estruturais do Hip Hop

Sumário Executivo

As vias de participação cidadã que o Fórum Hip Hop MSP tem utilizado ativamente desde 2005 estão presentes nesse documento. Ele tem como propósito apresentar uma defesa robusta para a inclusão e o financiamento adequado de cinco políticas culturais estruturais essenciais, centradas no movimento Hip Hop, conforme proposto pelo Fórum Hip Hop MSP:Difundir o Hip Hop - Elaborar políticas públicas de juventude - Inserir o Hip Hop como tema transversal da educação- Combater a discriminação de gênero - Organizar uma agenda do Hip Hop na cidade- Combater a discriminação racial- Atuar contra a violência policial- Gerar emprego e renda.Forma de destruturação do genocidio contra a população pobre, preta e periferica no Brasil.

A implementação destas políticas possui um potencial transformador significativo para impulsionar a inclusão social, estimular o desenvolvimento cultural, capacitar adolescentes, jovens, adultos e idosos a reconhecer formalmente o hip hop como um componente integral e vibrante do tecido cultural de São Paulo.

Introdução: Reconhecendo o Hip Hop como Elemento Estrutural da Cultura Paulistana

A cultura hip hop possui uma profunda significância histórica e uma vibrante relevância contemporânea na cidade de São Paulo, com raízes firmemente estabelecidas nas diversas comunidades periféricas. O Breaking, um dos elementos do hip hop, chegou ao Brasil nos anos 80 e ganhou popularidade em São Paulo, demonstrando a longa trajetória do movimento na cidade.

Os quatro pilares fundamentais do hip hop – DJing, MCing, Graffiti e Breaking – manifestam-se em formas multifacetadas de expressão artística, engajamento comunitário e inovação cultural. O hip hop desempenha um papel crucial como um poderoso veículo de comentário social, uma ferramenta vital para o empoderamento da juventude e uma plataforma essencial para a articulação das experiências e perspectivas de vozes marginalizadas em São Paulo.

"O hip hop em São Paulo vai além do mero entretenimento; é um movimento cultural profundamente enraizado, com uma rica história, um impacto social significativo e uma influência profunda na identidade da cidade, justificando um apoio estrutural e contínuo dentro da estrutura da política cultural municipal."

A longevidade e a influência abrangente do hip hop, particularmente na formação do cenário cultural das áreas periféricas e na oferta de caminhos para a autoexpressão e a mobilidade social, ressaltam seu status como um elemento fundamental do tecido cultural de São Paulo.

O reconhecimento do hip hop como um elemento estrutural da cultura de São Paulo conduz ao desenvolvimento de políticas urbanas mais eficazes e culturalmente responsivas, que genuinamente dialoguem e fortaleçam uma parcela substancial da população da cidade.

Fórum Hip Hop MSP: Uma Trajetória de Luta e Resistência

O Fórum Hip Hop Municipal de São Paulo (Fórum Hip Hop MSP) foi criado em agosto de 2005 como um espaço de diálogo entre pessoas, posses, grupos e integrantes do movimento Hip Hop da cidade de São Paulo. Desde sua fundação, tem atuado como o principal órgão representativo na defesa dos interesses, do desenvolvimento e do reconhecimento da cultura hip hop dentro do município.

2005

Fundação do Fórum Hip Hop MSP como espaço de diálogo entre o movimento Hip Hop, movimentos sociais, instituições públicas, legistativo,judiciário e a administração pública municipal.

2006-2010

Consolidação do Fórum como principal articulador de políticas públicas para o Hip Hop na cidade de São Paulo.

2012

Participação na caminhada "10 D – Dez direitos que o estado não garante", articulando com outros movimentos sociais.

2015-2020

Atuação na defesa e implementação de políticas culturais estruturais para o Hip Hop, incluindo o Mês do Hip Hop.

2023-2024

Elaboração de propostas para o Plano Plurianual da Cidade de São Paulo 2025-2028, com foco em cinco políticas estruturais.

O Fórum Hip Hop MSP tem como objetivos estabelecer um diálogo entre os adolescente, jovens, adultos do Hip Hop e o poder público municipal, apontando na perspectiva da igualdade e autonomia do movimento por meio de iniciativas, ações e demandas concretas, com apoio do poder público. Também busca criar critérios públicos que direcionem a relação entre o poder público e trabalhadores culturais do hip hop, garantindo que não haja privilégios de uns em detrimento de outros setores.

Sob o lema "CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE POBRE, PRETA E PERIFÉRICA", o Fórum se posiciona contra a desigualdade social e a favor da valorização da cultura periférica, tendo conseguido inserir o Hip Hop como Política de Estado a ser contemplada nos espaços de formação, produção e difusão cultural.

Políticas Culturais Estruturais Propostas

O Fórum Hip Hop MSP propõe cinco políticas culturais estruturais essenciais para o fortalecimento e reconhecimento do movimento Hip Hop na cidade de São Paulo:

Casas de Hip Hop Municipais SP

Centros dinâmicos para a preservação da memória e o fomento à cidadania através das práticas do hip hop, com espaços dedicados para oficinas, estúdios, áreas de graffiti, palcos para apresentações e centros de memória.

Orçamento proposto: e manutenção de suas rubricas no orçamento da cidade.

Mês do Hip Hop

Desenvolvimento do Mês do Hip Hop para se tornar a maior política cultural periférica da América Latina, celebrando e amplificando as vozes de artistas marginalizadas pela ind~ustria cultural brasileira.

Garantia de participação equitativa e transparência na distribuição de recursos.

Território Hip Hop Vocacional

Implementação do programa Território Hip Hop Vocacional para oferecer formação artística e promover a formação de cidadãos.

Foco no desenvolvimento de habilidades técnicas e artísticas nos quatro elementos do Hip Hop.

Participação na Agenda Cultural

Garantia da participação consistente e equitativa de artistas periféricos do hip hop na agenda cultural mais ampla da cidade.

Inclusão em festivais, eventos e equipamentos culturais municipais.

Breaking como Modalidade Esportiva

Integração do Breaking como modalidade Esportiva dentro da infraestrutura dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) e centros esportivos municipais.

Reconhecimento de seu status olímpico e promoção do engajamento dos cidadãos.

Base Científica das Políticas Propostas

As políticas culturais estruturais propostas pelo Fórum Hip Hop MSP encontram respaldo em diversos estudos acadêmicos e científicos sobre o Hip Hop como movimento cultural, social e político:

Hip Hop como Campo de Estudos Acadêmicos +

Estudos recentes demonstram que o Hip Hop está se consolidando como um campo de estudos acadêmicos no Brasil. Segundo a Revista Pesquisa Fapesp, o movimento completa 50 anos no mundo e começa a ser visto como "explicações sócio-históricas de como o Brasil funciona".

Os primeiros trabalhos acadêmicos sobre o hip hop no Brasil foram escritos na década de 1990, incluindo a tese "Invadindo a cena urbana dos anos 1990 – Funk e hip hop" (UFRJ, 1998) e estudos sobre rap em São Paulo (Unicamp, 1998).

Fonte: Revista Pesquisa Fapesp - "Hip hop começa a se consolidar como campo de estudos acadêmicos"

Posicionamentos e Controvérsias no Movimento Hip Hop +

Pesquisas acadêmicas identificam três conflitos principais no movimento Hip Hop: a juventude pobre no contexto da sociedade de consumo; a mídia e sua relação com a indústria cultural; e a afro-descendência.

Estudos mostram que existem diferentes formas político-organizativas convivendo simultaneamente no movimento: associações, redes, posses (crews) e grupos, o que justifica a necessidade de políticas culturais estruturais que contemplem essa diversidade.

Fonte: SciELO - "Posicionamentos e controvérsias no movimento hip-hop" (Araújo Menezes & Rodrigues Costa)

Hip Hop, Arte e Cultura Política +

Segundo o filósofo americano Shusterman, o Hip Hop rompe com a dicotomia entre arte e realidade, sendo que "um dos mais maravilhosos e profundamente revolucionários aspectos do hip hop é o desafio de seu dualismo."

A cultura hip hop, caracterizada como uma prática social promovida pelos jovens pobres, principalmente pelos jovens negros, atua no sentido de dar visibilidade à população negra, no sentido da constituição da identidade e no crescimento da autoestima do negro-descendente.

O Hip Hop enquanto manifestação cultural está associado à origem africana-diaspórica, vinculado ao conceito de "Atlântico Negro" de Paul Gilroy, o que justifica políticas culturais que reconheçam sua importância histórica e social.

Fonte: ProQuest - "Hip hop, arte e cultura política: expressões culturais e representações da diáspora africana" (Martins, Rosana)

Relevância das Políticas Propostas +

As cinco políticas culturais estruturais propostas pelo Fórum Hip Hop MSP encontram respaldo científico nos estudos acadêmicos sobre o tema:

  • Casas de Hip Hop: Espaços fundamentais para preservação da memória e promoção da cidadania, alinhados com a necessidade de territorialização e valorização da cultura periférica.
  • Mês do Hip Hop: Política cultural que dá visibilidade ao movimento e promove a inclusão de artistas periféricos, combatendo a marginalização cultural.
  • Programa Território Hip Hop Vocacional: Formação artística e cidadã que utiliza o Hip Hop como ferramenta educacional, alinhado com estudos sobre o potencial transformador do movimento.
  • Participação na agenda cultural da cidade: Garantia de equidade e reconhecimento do Hip Hop como manifestação cultural legítima.
  • Breaking como modalidade esportiva: Reconhecimento do status olímpico do Breaking e seu potencial para engajamento juvenil e promoção da saúde.

Conclusão

A inserção destas políticas representa uma oportunidade singular para institucionalizar o apoio à cultura hip hop, transcendendo iniciativas isoladas em direção a um investimento sustentável e de longo prazo.

Ao reconhecer formalmente o papel crucial do hip hop na construção comunitária, na promoção da coesão social e na oferta de oportunidades para o desenvolvimento juvenil, a cidade pode alavancar estrategicamente seu potencial para enfrentar desafios urbanos mais amplos e cultivar uma sociedade mais inclusiva e vibrante para todos os seus moradores.

O Fórum Hip Hop MSP, com sua trajetória de quase duas décadas de atuação, apresenta estas propostas com base em sua experiência e conhecimento profundo das necessidades da comunidade hip hop paulistana, respaldado por estudos científicos que comprovam a importância cultural, social e política deste movimento.

A implementação destas cinco políticas culturais estruturais na Cidade de São Paulo representa um marco histórico no reconhecimento e valorização do Hip Hop como patrimônio cultural da cidade, contribuindo para uma São Paulo mais inclusiva, diversa e culturalmente rica.

A IMPORTANCIA DA CULTURA NA SOCIEDADE PAULISTANA

PROPOSTA PARA ELABORAÇÃO DO MÊS DE HIP HOP 2024

RESPOSTA DA SECRETARIA DA CULTURA REFERENTE O MÊS DE HIP HOP 2023

ESPORTE BREAKING COM POLÍTICA PÚBLICA

Plano de negócios para umempreendimento de Breaking

POLITICAS DE HIP HOP SP

DROGRA JWH-18 K

DROGADIÇÃO

CONFERÊNCIA LIVRE POPULAR DOS MOVIMENTOS CULTURAIS SP