Translate
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
domingo, 6 de novembro de 2016
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
domingo, 30 de outubro de 2016
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
O significado da consciência negra
“Autoestima é o princípio,
revolução é a meta”
Wellington
Komunist cientista social e ativista do Coletivo de Esquerda Força Ativa,
membro do Fórum Hip Hop SP
Pensar em
consciência negra nos remete a uma reflexão mais profunda sobre a problemática
da própria tomada de consciência, este é um problema histórico no campo dos
oprimidos.
A tomada da consciência
negra perpassa sobretudo pelas dimensões objetiva e subjetiva numa relação
sempre dialética que envolve percepção e aceitação de ser negro, se perceber
enquanto pertencente ao grupo oprimido e a partir disso, ser parte orgânica das
mobilizações que constituem a resistência no campo da luta negra.
A consciência “de
si” e “para si” no contexto do combate ao racismo, nos mostra que não basta
apenas se aceitar enquanto negro, é necessário ir muito além do mero ato que em
si já traz um grande avanço.
No campo da luta
se limitar apenas na aceitação, no reconhecimento cultural e na estética negra é
percorrer apenas um trecho do ardo caminho que temos a seguir rumo a uma luta
histórica que vem sendo travada contra o racismo.
A consciência
negra nos permite ir além, unificar as formas de luta contra o racismo,
reconhecer a forma coletiva de organização para a emancipação, definir bem as
bandeiras de lutas, bem como o inimigo a ser combatido.
O escravizado
africano em território brasileiro queria, primeiramente, apenas ser livre,
lutou incessantemente e de diversas formas pela sua libertação.
Inicialmente de
forma individual, contra a captura em solo africano que se dava de forma
violenta por meio das armas, acorrentados, atados, aprisionados, conduzidos
como se fossem mercadorias humanas em deslocamento até o transporte marítimo, chamado
pela historiografia oficial de “navio negreiro”, consequentemente nas
travessias do oceano atlântico que duravam dependendo da região africana,
aproximadamente até três meses conforme os registros históricos apontam, o
navio era dividido em seus patamares os conduziam como se fossem objetos
empilhados, deitados ou sentados, porém sempre amarrados.
Mesmo nesse
ambiente o conflito estava instaurado e a luta sempre tencionada, uns
atiravam-se ao mar, e sob determinadas condições desumanas a própria morte
significava um ato de liberdade.
Posteriormente, os
sobreviventes desta traumática travessia do atlântico, travavam outras várias
batalhas em solo americano. O opressor produzia suas técnicas de dominação,
castigos perversos, instrumentos de torturas, legislação repressora, entre
outros mecanismos de coerção.
Mesmo assim, a
luta era travada de forma diversa e ininterrupta, a sabotagem na produção, o
confronto direto com o opressor mais próximo, as várias fugas, as
expropriações, as primeiras formas de guerrilhas, as insurreições, por fim, os
quilombos.
Em todas as fases
da história do Brasil, o africano escravizado deixou seu legado de luta e
resistência de diversas formas, em todas as lutas a cultura aparece junto como
parte fundamental da luta.
São esses
processos de luta que forma a própria essência e dá significado e sentido
aquilo que chamamos de consciência negra, todo esse legado nos apresenta
conteúdo e forma de um rico histórico e acúmulo de experiências de lutas.
Na história
contemporânea o confronto permanece constantemente contra o racismo, o
genocídio, os métodos de barragens que não nos permite ascensão social e
mobilidade social, contra um padrão eurocêntrico, contra o encarceramento em massa
de parte da juventude negra e todas as consequências devastadoras que são
provocados pelo racismo a brasileira.
Para continuarmos
a grande luta travada por nossos ancestrais, desde a invasão europeia em
África, é necessário, dar procedimento o que até tem sido feito, para além da
estética, para além dos elementos culturais, ter como ponto de partido o
resgate da autoestima visando a emancipação.
No tempo presente,
o significado da consciência negra ainda passa pelas lutas, além disso falta
muito a percorrer, a avançar, sem lutar não será possível darmos passos
significativos na luta contra o racismo, o protagonismo do povo negro é
essencial para o sucesso e avanço das lutas, já que são os principais agentes
no conflito e os mais afetados.
Aos que vieram antes e lutaram por nós, nossa
verdadeira homenagem.
Valeu Dandara!
Valeu Zumbi!
E tantos outros homens e mulheres negras que lutaram
por todos nós!
Indicação de leitura
BIKO, Steve. A
definição da consciência negra. Disponível em: http://www.geledes.org.br/definicao-da-consciencia-negra/ Acesso em 26/10/2016.
MOURA, Clovis. Rebeliões
da Senzala, quilombos, insurreições e guerrilhas. São Paulo: Editora Anita
Garibaldi, 2014.
_____________. Dialética
Radical do Brasil Negro. São Paulo: Editora Anita Garibaldi, 2014.
domingo, 23 de outubro de 2016
Assinar:
Postagens (Atom)