Resumo do Grupo
de Estudos Emancipação Humana realizado no dia
27/08/2011 na Biblioteca Comunitária Solano Trindade.
Texto: Divisão
do Trabalho e Manufatura – O Capital livro I, vol. I
Uma das
características do trabalho humano é a cooperação.
A humanidade ao longo de sua existência tem desde os primórdios
tem atuado em grupo e essa vida social engendra no mínimo que
as pessoas transformem a natureza para satisfação de
necessidades e produção da própria vida. Para a
efetivação do fazer histórico que é a
produção e reprodução da vida, desde
tempos remotos, seja na fase coletora, seja na fase de plantio e
domesticação de animais, os homens tem cooperados entre
si para a superação e realização de um
bem comum. Essa cooperação de forma livre e associado
vai ganhar novos contornos no curso da história da
civilização. E Marx, na sua brilhante obra que estudada
a sociabilidade humana sob a regência do Capital, apresenta a
cooperação e o artesanato (na forma clássica de
ofícios) como condições sine quannon para o
surgimento da manufatura em dada sociabilidade.
“A cooperação
baseada na divisão do trabalho adquire sua forma clássica
na manufatura. Como forma característica do processo de
produção capitalista ela predomina durante o período
manufatureiro propriamente dito, que, grosso
modo,
dura de meados do século XVI até o último terço
do século XVIII”.
Podemos enfatizar
que no período manufatureiro, apropriado do artesanato, as
oficinas reúnem os trabalhadores de diferentes ofícios
para a produção de mercadorias. “A manufatura
origina-se de modo duplo. Em um modo, trabalhadores de diversos
ofícios autônomos, por cujas mãos tem de passar
um produto até o acabamento final, são reunidos em uma
oficina sob o comando de um mesmo capitalista”.
Neste modelo de
produção vemos o principiar de um trabalhador
unilateral, que atua de forma parcial, em ofícios específicos.
É o início da fragmentação das atividades
produtivas, a pormenorização da produção
na oficina, cada qual atuando em seu ofício: “O costureiro,
o serralheiro, o correeiro etc., que se ocupam apenas com a feitura
de carruagens, perdem pouco a pouco com o costume a capacidade de
exercer seu antigo ofício em toda a sua extensão”.
O que Marx faz
brotar das análises da Manufatura é que a mercadoria é
um produto social que congrega diversos artesãos,
fragmentados, parcelados atuando de forma sistemática e
cooperada.
Vejamos como ele
define essa dupla forma de labor:
“A origem da
manufatura, sua formação a partir do artesanato, é
portanto dúplice. De um lado, ela parte da combinação
de ofícios autônomos de diferentes espécies, que
são despidos de sua autonomia e tornados unilaterais até
o ponto em que constituem apenas operações parciais que
se complementam mutuamente no processo de produção de
uma única e mesma mercadoria. De outro lado, ela parte da
cooperação de artífices da mesma espécie,
decompõe o mesmo ofício individual em suas diversas
operações particulares e as isola e as torna autônomas
até o ponto em que cada uma delas torna-se função
exclusiva de um trabalhador específico. Por um lado a
manufatura introduz, portanto, a divisão do trabalho em um
processo de produção ou a desenvolve mais; por outro
lado, ela combina ofícios anteriormente separados. Qualquer
que seja seu ponto particular de partida, sua figura final é a
mesma — um mecanismo de produção, cujos órgãos
são seres humanos”.
E prossegue o mestre
“...antes de mais nada, a análise do processo de produção
em suas fases particulares coincide inteiramente com a decomposição
de uma atividade artesanal em suas diversas operações
parciais. Precisamente por continuar sendo a habilidade manual a base
do processo de produção é que cada trabalhador é
apropriado exclusivamente para uma função parcial e sua
força de trabalho é transformada por toda vida em órgão
dessa função parcial”.
Características
da Divisão Social do Trabalho na Sociedade e na Manufatura
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DIVISÃO
SOCIAL DO TRABALHO
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SOCIEDADE
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MANUFATURA
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Característica
de todas as sociabilidades e formações sociais
Trabalho
executado em sociedade e através dela
Especialidades
Produtivas
Característica
do trabalho humano
A
divisão do trabalho começa com a análise do
processo
Divide
a sociedade em entre ocupações, ramos da produção
Forçada,
caótica, anárquica e determinada pelo mercado
Troca
de produtos como mercadoria
Subdivide
a sociedade
Fortalece
o indivíduo e a espécie
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Subdivisão
sistemática do trabalho e de cada especialidade em
operações limitadas
Fenômeno
da fragmentação e distribuição de
tarefas
Parcelamento
dos processos de feitura do produto em numerosas operações
executadas por diferentes trabalhadores
Produto
peculiar da sociedade capitalista
Divisão
pormenorizada do trabalho destrói ocupações
Impossibilita
o trabalhador de acompanhar o processo completo e de produção
Imposta
pelo planejamento e controle
Apropriação
individual do produto pelo capitalista
Subdivide
o homem
Crime
contra a pessoa e contra a humanidade
Princípio
de Babbage “Dividir os ofícios barateia o suas partes
numa sociedade baseada na compra e venda da força de
trabalho”.
A
força de trabalho vira mercadoria.
Toda
a fase do processo de trabalho é divorciada, tão
longe, quanto possível, do conhecimento e preparo especial
e reduzida a simples trabalho.
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Divisão
do Trabalho na Manufatura e Divisão do Trabalho na Sociedade
A
Manufatura se configura no trabalhador parcial, suas ferramentas e
seus mecanismos. Por outro lado o fundamento da produção
de mercadorias apresenta uma interação entre a divisão
manufatureira do trabalho e a divisão social do trabalho.
Por
divisão social do trabalho entendemos a separação
da produção social em grandes ramos: Agricultura,
Indústria e Comércio, ou seja, é aquela divisão
da produção de mercadorias que aprendemos no ensino
fundamental em setores primário, secundário e terciário
A
divisão social do trabalho na sociedade e na manufatura se
diferenciam em grau e espécie, pois a divisão do
trabalho na sociedade é geral enquanto a outra é
individualizada, singularizada. Chegando a última a dividir as
profissões e até mesmo dividir os trabalhadores de
forma que diversos destes elaborem conjuntamente uma única
mercadoria.
A
primeira divisão do trabalho é aquela que chamamos de
geral; distinguindo agricultores, manufatores e comerciantes. A
segunda seria a especial, cuja divisão de ramo de trabalho em
espécies e a terceira divisão do trabalho pode ser
qualificada como divisão de tarefas, pois ela se estabelece em
cada ofício e profissão, ocorre na manufatura e na
maioria das oficinas.
Para
Marx, a divisão do trabalho começa, quando povos passam
a trocar seus excedentes produtivos, cada povo ao produzir
determinado tipo de alimento, em determinada região, com
diferentes meios de produção e de subsistência,
baseado no deu modo de produção, modo de vida e
diversidade. Com a produção e reprodução
da vida, o crescimento da densidade demográfica, a diversidade
de povos e de produtos, propiciou o intercâmbio entre povos e
não entre indivíduos. Essa troca recíproca
produtos mais tarde tomou a forma de trocas dos produtos em
mercadorias. A troca estabeleceu conexões entre ramos
diferentes de produção e transformou-os em atividades
interdependentes no conjunto da produção social. A
troca entre ramos de produção diversos e independentes
entre si é que vai engendrar a divisão social do
trabalho.
Se
a condição para a divisão social do trabalho é
a expansão das capacidades produtivas entres ramos diferentes
de atividades baseados e dependentes na troca de produtos, convertida
em circulação de mercadorias. Por outro lado, a
manufatura, tem como fundamento e condições objetivas,
a cooperação entre as forças de trabalho
coletiva, o emprego de certos números de trabalhadores na
oficina e a diversificação de ofícios. Que por
sua vez diferenciará as ferramentas de trabalho e cada vez
mais os ofícios, culminando na separação e
independências desses ofícios. Sendo que os trabalhos
parciais podem desagregar-se e transformar-se em novos ofícios
independentes. Para aperfeiçoar a divisão do trabalho
na manufatura, o mesmo ramo de produção é
subdividido em manufaturas diversas.
A
característica central da divisão manufatureira do
trabalho é que o trabalhador parcial não produz nenhuma
mercadoria, só o produto coletivo dos trabalhadores parciais é
que se transformam em mercadorias. “A divisão manufatureira
do trabalho pressupõe concentração dos meios de
produção nas mãos de um capitalista” Na
divisão manufatureira do trabalho, o trabalhador é
condenado a executar eternamente uma operação parcial e
sua subordinação completa ao capitalista.