Como diria o grande Clóvis Moura, o
Brasil teria que ser branco. Essa a máxima da colônia brasileira,
para confirmar a tese o imperador tratou de encomendar estudos, os
quais viriam a justificar as formas atuais de opressão contra os
brasileiros descendentes da Diáspora Africana.
O pós-abolição foi marcado por
mecanismos de barragem de qualquer possibilidade de realização da
vida do preto brasileiro. O imobilismo social nos remeteu a residir
nos bairros abandonados e a mercê da burguesia que mantem o controle
social dispondo da comercialização de drogas lícitas e ilícitas.
Além do imobilismo social o Racismo se tornou num
verdadeiro entrave para que o preto seja assalariado, pode-se afirmar
que ele é um eficiente método de barreira para manter o africano no
seu devido lugar, privado das condições dignas de existência.
Com o Racismo posto, como forma elementar de relação e
interação social, como meio de tratamento de todo um contingente
populacional reconhecido por quantidades de melanina, biotipo
(fenótipo) e traços culturais, a isso soma-se a alienação do
trabalho, a alienação da vida em todos os sentidos, logo fica
latente a violência simbólica se constituirá numa verdadeira
estratégia de perseguição contra o povo preto.
Decorrente desse processo, temos a racialização da divisão
social do trabalho, neste caso cria-se rótulos quanto a capacidade e
possibilidade de nós africanos exercer atividades produtivas
complexas da incipiente sociedade de “via colonial”. Nesse
sentido o país nega ao preto brasileiro a possibilidade de se
assalariar ficando estes com as sobras da divisão social do
trabalho.
O Genocídio contra nós pretos está vigente desde o Tráfico de
Africanos nos idos do século XV, aperfeiçoa-se durante o período
colonial e ganha status de teoria a partir do Cientificismo,
Darwinismo Social e, da sua forma última e acabada, a Eugenia, cuja
prática hoje é reservada às policias militares de todo o
território brasileiro.
Conforme a teoria sofista de Gilberto Freire, Casa Grande e
Senzala, continuamos a ser dóceis ou indiferentes aos assassinatos
cometidos pela Polícia Militar contra os nossos irmãos. Outra fato
que não se verificou nas teses de Darcy Ribeiro que a modernidade se
encarregaria de resolver as marcas raciais preconizadas pelo europeu,
no que refere-se ao preconceito racial, discriminação racial e
racismo.
Podemos
pensar o quanto somos permissivos, nos EE.UU. (Estados Unidos)
recentemente, policiais foram absolvidos da acusação de assassinato
de dois pretos. Como repúdio ao Racismo a população preta,
inclusive brancos da classe trabalhadora, foram às ruas lutar por
justiça.
E
no caso brasileiro, por que a sociedade apoia o Genocídio do Povo
Preto, Pobre e Periférico?
Atualmente estudos e pesquisas, como por exemplo, o Mapa da
Violência 2014, apontam que 70% dos jovens assassinados são pretos.
A polícia militar do estado de São Paulo deu e dá continuidade à
Política de Eugenia preconizada pelos brancos, assassinando sem dó
e piedade a população preta das periferias.
A polícia de Geraldo Alckmin tem a mira perfeita para os
descendentes da Diáspora Africana, “isso mostra a eficiência da
policia militar daqui do Brasil que neste ano já matou mais do que
no ano passado, os dados oficiais mostram essa triste realidade
opressora do estado brasileiro, pois de janeiro a junho de 2013, 269
pessoas foram mortas por PMs no Estado de São Paulo; no mesmo
período de 2014, foram 434 – alta de 62%” (Latuff apud GÓES).
Segundo
os estudos “o número de homicídios brancos caiu de 18.867 em 2002
para 14.047 em 2010, o que representa uma queda de 25,5% nesses oito
anos. Já os homicídios negros tiveram um forte incremento: passam
de 26.952 para 34.983: aumento de 29,8%” (Mapa da Violência 2012 A
Cor dos Homicídios).
Conforme descrito no Mapa da Violência
2012, a taxa de homicídio contra nós pretos no Estado de São Paulo
sob o comando de Geraldo Alckmin é de 41,1 % no horizonte de 100 mil
manos, isto significa que são assassinados entre 400 e 500 jovens
pretos a mais que os brancos anualmente.
Se
a interrupção da vida de dois entes nos Estados Unidos foi o
estopim para as manifestações contra o racismo, na Cidade de São
Paulo ficamos indiferentes aos cerca de 5 mil mortos anuais pelas
forças militares a mando dos Brancos Ricos dessa cidade.
“Nossos
motivos pra lutar ainda são os mesmos, o preconceito e o desprezo
ainda são iguais, nós somos [pretos] também temos nossos ideais...
RACISTAS OTÁRIOS NOS DEIXEM EM PAZ” Racionais MC’s).
FAZEMOS
PARTE DE UM PARTIDO DOS FUZILADOS, POIS A MORTE PRA NÓS É A ÚNICA
CERTEZA E QUEM SE IMPORTA?!!!