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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Lista de reivindicações da Campanha Contra o Genocídio da Juventude Negra


  1. Fim da política de segurança baseada na “guerra ao crime”, cuja eficiência é comprovadamente baixa e resulta em maior risco de vida a policiais e, ao mesmo tempo, no uso excessivo da força e na violência policial.
  1. Coibir o uso nas polícias de palavras e termos que fazem referência à ideia de guerra, como “combate”, “batalha” e outros.
  1. Assim que for lançado pelo governo federal o “Plano de Enfrentamento a Mortalidade da Juventude Negra” os governos municipais e do Estado de São Paulo devem apresentar planejamento que indique claramente como pretendem implantar este Plano no território paulista.


  1. Judiciário deve tomar medidas objetivas para a redução do número de jovens internados, especialmente nos casos relacionados a tráfico de drogas, respeitando o ECA no que diz respeito à aplicação da internação apenas em situações de “grave ameaça ou violência à pessoa”.
5-As unidades de internação deve estabelecer medidas objetivas para pôr fim a casos de agressão a internos(as), facilitando a denúncia de jovens e qualificando os mecanismos de apuração e punição de funcionários.
6 O governo do Estado deve criar um Grupo de Trabalho com a participação do Condepe, Ministério Público Federal e Estadual, Defensoria Pública e ampla participação da sociedade civil para discutir a abordagem policial e encaminhar medidas concretas para enfrentar esse grave problema. O Grupo de Trabalho irá indicar se existe a possibilidade de manter as abordagens sem causar agressões verbais, físicas ou psicológicas aos cidadãos e cidadãs. No caso de não conseguir justificar a sua viabilidade, o Procedimento Operacional Padrão de abordagem deverá ser extinto.


  1. A polícia militar deve apresentar um plano de enfrentamento da abordagem policial violenta a jovens negros e moradores de periferia.
8 As Polícias devem colocar em prática os dispositivos que garantem que os Procedimentos Operacionais Padrão sejam tornados públicos, com fácil acesso pela população, inclusive em portais online.
9 Os processos judiciais envolvendo policiais não podem mais ter como única testemunhas os próprios policiais – hoje esse número gira em torno de 77% do total de casos, segundo pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência.
10  A Secretaria de Segurança Pública deve apresentar plano de qualificação da Ouvidoria da Polícia, com medidas objetivas que ampliem a autonomia, envolvendo outros órgãos governamentais, representantes de conselhos e da sociedade civil na avaliação e apuração das denúncias. O número de casos considerados “procedentes” ou “parcialmente procedentes” deve ser ampliado, possibilitando mais investigação; a especificação de cada punição deve ser tornada pública e deve constar nos relatórios anuais o tipo de punição que tem sido aplicada.
11  A caracterização “Resistência seguida de morte” deve ser retirada dos boletins de ocorrência.
12  A Secretaria de Segurança Pública deverá apresentar um plano para reduzir as mortes por intervenção legal, alcançando níveis internacionais, com taxas de mortes por intervenção legal por 100 mil habitantes inferior a 1,00, considerando a taxa atual de 5,51 mortes a cada 100 mil habitantes.
13  A ação policial deve se concentrar na investigação, reduzindo a proporção de casos de prisão em flagrante, que indicam a ação policial centrada no policiamento ostensivo.
14   Dar efetividade à Lei Federal nº 12.403/11, que prevê a adoção de medidas cautelares como alternativa à prisão, de forma a criar novas estratégias de retribuição e frear o aumento da população carcerária brasileira, evitando a prisão em massa de jovens, que compõem a maior parcela dos presos no país.
15   Revisão da Lei Nacional Antidrogas (nº 11.343/2006), estabelecendo critérios objetivos para distinguir o usuário e o traficante de drogas, considerando o uso discriminatório da sua aplicação hoje.
16  Fim da Ronda Tobias de Aguiar - ROTA, cuja criação se deu sob o nome “Batalhão de Caçadores”, que acumula um histórico de uso excessivo da força, atos criminosos e execuções sumárias, e cuja finalidade e funcionamento não condiz com noções de segurança preventiva e cidadã.
17   Nenhum policial que seja réu em casos envolvendo homicídio deve ocupar cargos de comando das polícias.
18 Qualificar e intensificar formações sobre racismo e relações étnico-raciais e de direitos humanos para as polícias, que contem com a participação da sociedade civil.
19  As drogas devem ser entendidas num contexto da saúde pública e não como “caso de polícia”.
20  A Secretaria de Segurança Pública, o judiciário paulista e a Guarda Civil Metropolitana do Município de São Paulo devem apresentar medidas que reduzam e coíbam as agressões no momento da prisão, em resposta à pesquisa que indicou que, no Centro de Detenção de Pinheiros, 70% dos entrevistados homens relataram ter sofrido violência após ser preso.
21  A cidade der São Paulo deve promover a desmilitarização das políticas municipais, com subprefeitos sem histórico militar e a recuperação da função preventiva da guarda civil metropolitana, garantindo:
  1. A proteção das populações vulneráveis (como moradores de rua e dependentes de drogas);
  2. A garantia do direito constitucional de livre manifestação e uso dos espaços públicos, valorizando a arte de rua e a organização política da população;
  3. O enfrentamento da violência de agentes do governo contra jovens negros, especialmente trabalhadores informais, moradores de rua e das periferias.







segunda-feira, 6 de agosto de 2012


VIOLÊNCIA RACIAL & POLICIAL

Encontro promovido pelo Fórum Hip Hop e GT Juventude cria a Campanha Contra o Genocídio da Juventude Negra.

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Na última quarta feira, dia 18 de julho, mais de 130 pessoas de diversas organizações estiveram presentes no encontro que discutiu a Campanha Contra o Genocídio da Juventude Negra. A iniciativa, nascida da parceria entre o Forum Hip Hop e o Gt Juventude da Rede Nossa São Paulo, tem por objetivo exigir uma mudança profunda na politica pública de segurança que vem vitimando jovens da periferia de São Paulo e de cidades próximas, em sua grande maioria, negros, e busca organizar uma campanha que consiga traduzir a grande mobilização que este tema tem entre organizações e jovens.
O encontro contou com a participação da defensora pública Daniela Albuquerque, do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública de São Paulo, do defensor público Diego de Medeiros, do Núcleo de Infância e Juventude, e José Filho, representante da Pastoral Carcerária e da Rede de Justiça Criminal.
Segundo a defensora Daniela Albuquerque a violência policial está enraizada na corporação e o Estado tem atingido números muito altos sem haver a devida apuração. "São Paulo mantém um média oficial que gira em torno de 500 a 600 mortes cometidas por policiais anualmente, número maior que o total de mortes oficiais cometidas por agentes do Estado durante todo o período da ditadura, isso no Brasil." Para a defensora há fortes evidências de que a própria polícia desenvolveu meios de mascarar as execuções promovidas por policiais. "A polícia altera a cena do crime, não faz perícia muitas vezes, coloca a vítima na viatura já morta para caracterizar um falso socorro e, pior, muitas vezes não recolhe nem as digitais para identificar a vítima".
José Filho José citou o fato de São Paulo ser o estado na América Latina que mais encarcera pessoas. "São Paulo têm cerca de 190 mil presos. Se continuarmos no atual ritmo de crescimento, no final de 2013 vamos ultrapassar a população carcerária do México", frisou.
Ele também apresentou dados produzidos pela Rede de Justiça Criminal. Segundo uma pesquisa realizada com presos do Centro de Detenção de Pinheiros, 70% dos entrevistados homens relataram ter sofrido violência no momento da prisão. No caso daqueles que foram presos pela GCM (Guarda Civil Metropolitana), os abusos chegam a 100%. "Se você fica na frente do Centro de Detenção Provisória de Pinheiros (CDP), vê uma multidão que chega toda arrebentada e ninguém questiona nada." Uma pesquisa do NEV-USP (Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo) identificou ainda que 74% dos processos judiciais possuem apenas policiais militares como testemunhas. "Existe um conivência do poder judiciário com essa situação, eles aceitam a entrada franqueada [entrada do policial na residência autorizado pelo morador] sem questioná-la, não mandam os órgãos oficiais se explicarem sobre abusos físicos visíveis, condenam com base no testemunho somente do policial e os autos de investigação são precários", criticou.
Diego Medeiros pontou que o tema esteve ausente da Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente, lembrando a importância de que se discuta as medidas socioeducativas.
Além deles, uma série de organizações se manifestaram e contribuíram com propostas para a criação de uma campanha e a realização de uma audiência na Assembleia para pressionar o governo do Estado de São Paulo. Entre elas: Educafro, Pastoral da Juventude, Instituto Paulista de Juventude, Centro de Estudos Africanos da USP, Fórum Nacional de Juventudes, Núcleo Cultural Força Ativa, Cedeca Sapopemba, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana e Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra.
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Principais encaminhamentos:
Será criada a Campanha Contra o Genocídio da Juventude Negra, com a formação de uma comissão que auxiliará a organização das próximas ações. A comissão estará aberta para a participação, tendo seu primeiro encontro no dia 1º de agosto, 18:30, na Ação Educativa (Rua General Jardim, 660).
Será feita uma audiência pública, preferencialmente em outubro, na Assembleia Legislativa (com uma segunda proposta de fazer em local de acesso mais fácil) e a Campanha fará encontros descentralizados nas 4 ou 5 regiões da cidade para ampliar a adesão. A Campanha será lançada oficialmente na semana do dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.



sábado, 4 de agosto de 2012

REUNIÃO DO FORUM HIP HOP MUNICIPAL SP



09/08/2012                HORÁRIO 19HRS
LOCAL:AÇÃO EDUCATIVA
RUA GENERAL JARDIM, 660
PRX METRO REPUBLICA

PAUTA SEMANA DE HIP HOP 2013
forumhiphopeopoderpublico.blogspot.com

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Petição entregue ao Ministério Público Federal 26/07/2012-



PETIÇÃO PÚBLICA

O Fórum Hip Hop Municipal, da cidade de São Paulo e as instituições de Direitos Humanos que abaixo subescrevem a presente epígrafe, vem a público, com fundamento no Art. 5º, XXXIV, ALÍNEA "a" da Constituição da República Federativa do Brasil, PETICIONAR AO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e levar a mister dos poderes públicos fatos ilegais ou abusivo, contrários aos interesse público, a fim de que se possa tomar as medidas necessárias em defesa de interesses coletivos da Juventude Paulista e do Brasil perante os órgãos do Estado de São Paulo, conforme descrito no texto abaixo.
O Fórum “Hip Hop Municipal” é um espaço aberto de diálogo entre posses, grupos e integrantes do movimento Hip Hop da cidade e o Poder Público de São Paulo.
Desde agosto de 2005, o fórum, representado por mais de trinta coletivos de Hip Hop de diversas regiões da cidade, tem se reunido para discutir políticas públicas de juventude a partir das demandas do Movimento Hip Hop. Um dos, oito eixos temáticos das ações é “Atuar contra a violência policial”.
Embora a Constituição Brasileira estabeleça que os Jovens sejam Prioridade Absoluta, (“art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” - Emenda Constitucional n.° 65 de 13 de julho de 2010) e a Declaração de Direitos Humanos em seu artigo 5° (“Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”- Declaração Universal dos Direitos Humanos de 10/121948), proteger o ser humano de todas as formas de violência, o Estado de São Paulo, vem desrespeitando os respectivos diplomas legais.
O Estado de São Paulo tem sido palco de atos de atrocidades e não é de hoje. Quem não se lembra do Massacre do Carandiru, cujo feito culminou na música “diário de um detento” dos Racionais MC’s. Invasões a presídios e FEBEM’s; os Crimes de Maio de 2006, mais de 400; assassinatos de MC’s na baixada santista, entre abril e maio de 2012 foram 6 óbitos. E atualmente pós-reunião de cúpula entre o Governador do Estado de São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Militar cerca de 200 pessoas foram assassinadas. Trata-se de uma prática de Violência do Estado, Extermínio e Genocídio da Juventude. A média de homicídios contra os jovens do Brasil se manteve na casa dos 8,5 mil anuais durante a última década.
Como bem divulgou a Defensoria Pública: Uma guerra silenciosa acontece em São Paulo. Até julho deste ano, a Polícia Militar de São Paulo foi responsável pela morte de 200 pessoas, somente na capital, e a Rota (Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar),  nos primeiros 5 meses de 2012, matou 45 suspeitos. No mesmo período de 2011, foram 31 mortes, e em 2010 foram 22, o que representa um aumento de 104,5% em dois anos.  Em apenas 15 dias, entre 13 e 28 de junho, aconteceram 140 mortes na capital paulista, o dobro do mesmo período de 2011. E esta guerra que acontece em São Paulo reflete, de forma mais exacerbada, o drama brasileiro da violência. Segundo uma compilação de pesquisas da Pastoral Carcerária e do Instituto Sou da Paz, a principal vítima desta guerra tem um perfil definido. É homem, de 15 a 24 anos, pardo ou negro, e possui atividade remunerada no mercado informal. No Brasil, morrem 139% mais negros do que brancos. Entre 2001 e 2010, o número de mortes violentas de jovens brancos caiu 27,5%, já o número de vítimas negras aumentou 23,4%”.

Segundo Daniela Skromov de Albuquerque, Defensora Pública, o estado mantém hoje um índice histórico de mortes cometidas por policiais. “São Paulo mantém um média oficial que gira em torno de 500 a 600 mortes cometidas por policiais anualmente, número maior que o total de mortes oficiais cometidas por agentes do Estado durante todo o período da ditadura, isso no Brasil.” A defensora também criticou a maneira como essas mortes são investigadas. “A polícia altera a cena do crime, não faz perícia muitas vezes, coloca a vítima na viatura já morta para caracterizar um falso socorro e, pior, muitas vezes não recolhe nem as digitais para identificar a vítima”.

À vista dos fatos narrados o Fórum Hip Hop e as Entidades de Direitos Humanos presente solicita providências:

1.     Acolhimento do presente documento para possível abertura de inquérito civil público dentre outros formas de apuração;
2.     Desmilitarização da Polícia Militar e a extinção da Rota Comando;
3.     Apuração dos crimes cometidos por Polícia Militar;
4.     Responsabilização do Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin e da cúpula da Secretaria de Segurança Pública e da Academia de Polícia Militar do Estado de São Paulo por crimes contra os Direitos Humanos, Contra a Humanidade e Genocídio da Juventude;
5.     Execução do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência contra a Juventude Negra da Secretaria de Geral da Presidência (Governo federal) no Estado de São Paulo;
6.     Criação de uma Agenda de Enfrentamento da Violência Contra a Juventude;
7.     Atendimento e apoia às famílias vítimas de homicídios praticados pela polícia;
8.     Campanha Nacional contra o Genocídio da Juventude;
9.     Regulamentação/Extinção do uso de armas não letais.


São Paulo, 26 de Julho de 2012.


Nestes Termos,
Pede Deferimento
Contra o extermínio da juventude negra
25/07/2012 05:28
Contra o extermínio da juventude negra

Charge: Latuff

O aumento da violência policial em São Paulo está agravando uma situação já nefasta: a mortalidade de jovens negros. No trimestre de abril a junho, a polícia paulista foi responsável por um quinto dos homicídios no Estado, matando 100 pessoas por “resistência”. No mesmo trimestre de 2001, a mortes por “resistência” foram 3,3% do total de homicídios. Nos últimos cinco anos, morreram 2.262 pessoas em suposto confronto com a polícia. Um estudo da PNUD de 2005 mostra que a proporção de pretos entre as vítimas de violência policial é três vezes maior que na população em geral.
Essas mortes se somam a um quadro de alta mortalidade de jovens negros, que leva muitos a acusarem o extermínio ou genocídio dessa parcela da população. Na última década, enquanto caiu a taxa de homicídios entre jovens brancos, a de jovens negros subiu. Com isso, cresceu o índice de vitimização negra – segundo os dados de 2008, morreram proporcionalmente 134% mais negros do que brancos. Na semana passada, estive no lançamento da campanha contra o genocídio da juventude negra, na Ação Educativa, iniciativa do Fórum de Hip Hop.
Além das mortes, a juventude negra sofre com números altíssimos de encarceramento. São Paulo tem cerca de 450 presos por 100 mil habitantes. Desses, mais da metade tem entre 18 e 29 anos e a proporção de negros é maior que na população em geral. Aproximadamente 30% dos homens e 70% das mulheres que estão no sistema prisional cumprem pena por tráfico de entorpecentes. A política de guerra às drogas é uma política de criminalização/ higienização – como visto na Cracolância – dos pobres, principalmente negros. Além da violência associada à ilegalidade, a atual legislação – que descriminaliza o uso, mas mantém a proibição ao tráfico – permite uma aplicação discricionária, em que o agente decide como enquadrar. E quase sempre, são os pobres e negros que são considerados traficantes – em muitos casos, apesar de lidarem com pequenas quantidades de drogas e de comercializarem apenas.
Para responder a esse quadro, é preciso fortalecer a educação para direitos humanos entre os agentes do Estados, especialmente policiais e os mecanismos de controle social (ouvidorias independentes) da PM, investir na desmilitarização da polícia e em estratégias de policiamento comunitária, com a utilização regulamentada de armas não letais. Mas, além disso, é preciso mudar a vida dos jovens. Nesse sentido, a Secretaria Nacional da Juventude está preparando o lançamento do Plano de Enfrentamento à Violência contra Jovens Negros, uma de suas prioridades. O plano deve incluir ações articuladas entre os órgãos públicos, não apenas na área de segurança, mas para atuar sobre as causas da violência, com políticas de educação, capacitação profissional, cultura, saúde, entre outras.
O combate ao racismo e a não criminalização da pobreza deve estar presente em todas as políticas públicas, e nesse sentido as ações no âmbito municipal têm um peso muito grande. A repressão policial ao funk, por exemplo, é uma forma de segregar ainda mais os jovens e se junta a uma visão de política cultural que desconsidera o que é produzido nas periferias. A política de mobilidade é outro aspecto que deve ser pensado considerando a juventude pobre e negra, já que a restrição dos horários do transporte público afetam em especial essa camada da população. Quando a prefeitura adota medidas proibicionistas, que inibem a presença e circulação no espaço público, fomenta a intolerância e a violência. É preciso mudar isso. Está na hora de somarmos esforços, dos movimentos anti-racistas, hip hop, anti-proibicionistas e funkeiros se unirem com outras entidades para denunciar e chamar a atenção para a ineficiência da política de segurança pública do Estado, reforçada pelas ações higienistas/repressivas do Kassab, que provocam um massacre de toda uma nova geração pobre e negra.
*Gabriel Medina é psicólogo, militante do PT, do Movimento Música para Baixar (MPB), ex. presidente do Conselho Nacional da Juventude (Gestão 2011/2012) e do Fórum Nacional das Juventudes.
Por Gabriel Medina, em seu Blog
O aumento da violência policial em São Paulo está agravando uma situação já nefasta: a mortalidade de jovens negros. No trimestre de abril a junho, a polícia paulista foi responsável por um quinto dos homicídios no Estado, matando 100 pessoas por “resistência”. No mesmo trimestre de 2001, a mortes por “resistência” foram 3,3% do total de homicídios. Nos últimos cinco anos, morreram 2.262 pessoas em suposto confronto com a polícia. Um estudo da PNUD de 2005 mostra que a proporção de pretos entre as vítimas de violência policial é três vezes maior que na população em geral.
Essas mortes se somam a um quadro de alta mortalidade de jovens negros, que leva muitos a acusarem o extermínio ou genocídio dessa parcela da população. Na última década, enquanto caiu a taxa de homicídios entre jovens brancos, a de jovens negros subiu. Com isso, cresceu o índice de vitimização negra – segundo os dados de 2008, morreram proporcionalmente 134% mais negros do que brancos. Na semana passada, estive no lançamento da campanha contra o genocídio da juventude negra, na Ação Educativa, iniciativa do Fórum de Hip Hop.
Além das mortes, a juventude negra sofre com números altíssimos de encarceramento. São Paulo tem cerca de 450 presos por 100 mil habitantes. Desses, mais da metade tem entre 18 e 29 anos e a proporção de negros é maior que na população em geral. Aproximadamente 30% dos homens e 70% das mulheres que estão no sistema prisional cumprem pena por tráfico de entorpecentes. A política de guerra às drogas é uma política de criminalização/ higienização – como visto na Cracolância – dos pobres, principalmente negros. Além da violência associada à ilegalidade, a atual legislação – que descriminaliza o uso, mas mantém a proibição ao tráfico – permite uma aplicação discricionária, em que o agente decide como enquadrar. E quase sempre, são os pobres e negros que são considerados traficantes – em muitos casos, apesar de lidarem com pequenas quantidades de drogas e de comercializarem apenas.
Para responder a esse quadro, é preciso fortalecer a educação para direitos humanos entre os agentes do Estados, especialmente policiais e os mecanismos de controle social (ouvidorias independentes) da PM, investir na desmilitarização da polícia e em estratégias de policiamento comunitária, com a utilização regulamentada de armas não letais. Mas, além disso, é preciso mudar a vida dos jovens. Nesse sentido, a Secretaria Nacional da Juventude está preparando o lançamento do Plano de Enfrentamento à Violência contra Jovens Negros, uma de suas prioridades. O plano deve incluir ações articuladas entre os órgãos públicos, não apenas na área de segurança, mas para atuar sobre as causas da violência, com políticas de educação, capacitação profissional, cultura, saúde, entre outras.
O combate ao racismo e a não criminalização da pobreza deve estar presente em todas as políticas públicas, e nesse sentido as ações no âmbito municipal têm um peso muito grande. A repressão policial ao funk, por exemplo, é uma forma de segregar ainda mais os jovens e se junta a uma visão de política cultural que desconsidera o que é produzido nas periferias. A política de mobilidade é outro aspecto que deve ser pensado considerando a juventude pobre e negra, já que a restrição dos horários do transporte público afetam em especial essa camada da população. Quando a prefeitura adota medidas proibicionistas, que inibem a presença e circulação no espaço público, fomenta a intolerância e a violência. É preciso mudar isso. Está na hora de somarmos esforços, dos movimentos anti-racistas, hip hop, anti-proibicionistas e funkeiros se unirem com outras entidades para denunciar e chamar a atenção para a ineficiência da política de segurança pública do Estado, reforçada pelas ações higienistas/repressivas do Kassab, que provocam um massacre de toda uma nova geração pobre e negra.


* Gabriel Medina é psicólogo, militante da DS, do Movimento Música para Baixar (MPB), ex-residente do Conselho Nacional da Juventude (Gestão 2011/2012) e do Fórum Nacional das Juventudes. 

A IMPORTANCIA DA CULTURA NA SOCIEDADE PAULISTANA

PROPOSTA PARA ELABORAÇÃO DO MÊS DE HIP HOP 2024

RESPOSTA DA SECRETARIA DA CULTURA REFERENTE O MÊS DE HIP HOP 2023

ESPORTE BREAKING COM POLÍTICA PÚBLICA

Plano de negócios para umempreendimento de Breaking

POLITICAS DE HIP HOP SP

DROGRA JWH-18 K

DROGADIÇÃO

CONFERÊNCIA LIVRE POPULAR DOS MOVIMENTOS CULTURAIS SP