PERIFERIA

Semana de Hip Hop de São Paulo terá 140 atrações entre os dias 15 e 22

Além de shows, serão debatidas questões de gênero, racismo, genocídio e realidades em outras cidades do mundo. Evento completa dez anos com orçamento de R$ 500 mil
por Gisele Brito, da RBA publicado 06/03/2014 17:11, última modificação 06/03/2014 19:29
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Rapper Pirata: "O louco é isso, a periferia conseguiu se apropriar do orçamento a partir das discussões da periferia"
São Paulo – Os quatro elementos do Hip Hop vão tomar São Paulo entre os próximos dias 15 e 22. Aproximadamente 140 ações de discotecagem, grafite, break e rap estarão espalhadas por 14 palcos em todas as regiões da cidade. Além de apresentações e oficinas, o evento terá debates sobre questões de gênero, autonomia no mercado do Hip Hop, racismo e o genocídio nas periferias.
“O mais importante é que conseguimos que um movimento da periferia mobilize cinco secretarias: Educação, Direitos Humanos, Cultura e de Igualdade Racial e fazer o orçamento chegar a meio milhão de reais. Só que não chega a ser como a Virada Cultural, que tem 6 milhões de reais e acontece em um único dia”, disse o rapper Pirata, membro do Fórum de Hip Hop, uma das entidades que participaram da organização do evento.
A semana está garantida em lei desde 2004. Mas, apesar da obrigatoriedade legal , em 2010 o Fórum de Hip Hop, em parceria com a Ação Educativa, precisou mover uma ação para que a semana recebesse o apoio necessário da prefeitura. “A lei diz que que tem que acontecer e que deve ser uma coisa feita pela sociedade civil, na horizontalidade e não vinda de cima para baixo. Este ano mais de 140 pessoas participaram do debate para construir a semana”, enfatizou Pirata.
Também são esperadas pelo menos duas apresentações de grupos internacionais e a participação deles em debates sobre a realidade de suas cidades. “Nossa ideia não é focar no artista, mas na essência do Hip Hop, que é a discussão sobre as periferias”, explica o rapper. “O louco é isso, a periferia conseguiu se apropriar do orçamento a partir das discussões da periferia”, disse Pirata, apontando o evento como o maior da América Latina. “Nem o carnaval é uma semana. Com o detalhe que é um evento de Hip Hop.”
Para Renato Almeida, assessor da Secretaria de Cultura para Cidadania Cultural, o evento resgata uma dívida com a expressão artística, cujo nascedouro no Brasil ocorreu justamente na cidade. “Hoje é impossível se falar em cultura periférica, saraus e toda essa efervescência que acontece nas periferias de São Paulo sem falar de Hip Hop. Tudo isso deve muito ao legado dele, que vem desde os anos 90. O Hip Hop coloca a palavra periferia em outro patamar”, avaliou.
A programação completa do evento e locais dos palcos estará disponível amanhã (7) no site da Secretaria Municipal de Cultura.