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quinta-feira, 25 de maio de 2006

VITRINE





Um pouco da História do HipHop.


O movimento hip hop é formada pelos seguintes elementos: O rap, o graffiti e o break.
Rap - rhythm and poetry, ou seja, ritmo e poesia, que é a expressão musical-verbal da cultura;
Graffiti - que representa a arte plástica, expressa por desenhos coloridos feitos por graffiteiros, nas ruas das cidades espalhadas pelo mundo;
Break dance - que representa a dança.
Os três elementos juntos compõe a cultura hip hop.
Que muitos dizem que é a "CNN da periferia", ou seja, que o hip hop seria a única forma da periferia, dos guetos expressarem suas dificuldades, suas necessidades de todas classes excluídas...

ELEMENTO FUNDAMENTAL : MC

O DJ tocando e os MCs agitando. Sem “cerimônia”, surge o Mestre
por juny kp! [ out-dez2001]

Hip Hop - com maiúsculas sempre - é o conjunto de quatro formas artísticas distintas chamadas de elementos. Daí a sua complexidade, uma cultura híbrida, sempre em movimento, em evolução constante. Estas formas artísticas foram surgindo no ambiente urbano de Nova York, cidade dos Estados Unidos, na passagem dos anos 60 para os anos 70. O termo foi criado pelo então DJ Afrika Bambaataa, fundador da organização Zulu Nation, referindo-se ao movimento dos quadris.
Mcing / Rap – A arte de rimar. A literatura da Cultura Hip Hop. O canto falado, o elemento oral milenar que nos leva aos cantos tribais, ou ainda aos escravos cantando em plantações. Acreditar que o Rap é homogêneo é tolice. Já se falou de tudo no Rap, contudo, as fases mais marcantes são três:1. o Rap ingênuo, positivo e alegre; 2. O Rap político, contestador, combativo; 3. O Rap Gangsta que reflete o dia-dia da periferia, um mundo repleto de drogas, violência, ostentação e mulheres.
MC - O “rimador”. O MC tem a preocupação de sempre representar a Cultura Hip Hop. Com o crescimento do RAP e o distanciamento da Cultura Hip Hop, o MC passou a se chamar Rapper
Rapper - Pessoa que canta/faz Rap. Hoje o rapper está bastante distante da figura do MC que buscava o entretenimento, a diversão e a energia positiva. Hoje o Rapper está vinculado a luxúria, ostentação de propriedade, violência e drogas, principalmente nos EUA. No Brasil, os envolvidos no Rap ainda “representam” nas suas comunidades de origem.

No Hip Hop foi, de novo, Kool Herc um dos principais “culpados”. Ele convidou um camarada seu para apresentar e comentar as seleções que ele tocava nos bailes. Coke La Rock era o Mestre de Cerimônia (MC) de Kool Herc sempre agitando com frases que se tornaram clássicas como Ya rock and ya don’t stop!, Rock on my mellow! e To the beat y’all!. Alguns afirmam Coke La Rock como o primeiro rapper dentro do Hip Hop.
Outro pioneiro também tinha a sua banca. Grandmaster Flash tinha uma relação inconstante com um grupo de MCs chamado Furious Five (Melle Mel, Kidd Creole, Rahiem, Scorpio e Cowboy). Inconstante porque havia apresentações em que todos os cinco apareciam, em outras, nenhum dava as caras.
Foi Cowboy que criou frases como Throw your hands in the air and wave them like you just don’t care!, Clap your hands to the beat! e Somebody scream!. Quem ouve rap já ouviu algum destes três samples.
Um grupo chamado Sugar Hill Gang, participando de uma jogada do tipo New Kids on the Block, lançaria uma das primeiras (nunca se esqueça de “King Tim III” do Fatback) gravações de música rap em vinil. Explico: Sylvia Robinson, dona do selo Sugar Hill Records teve o faro e montou o grupo, a letra e sampleou o maior sucesso naquele ano de 1979 (“Good Times” do Chic). Tudo isso juntou e deu origem a música “Rapper’s Delight”.
Esta era uma época de inocência. A criação do Hip Hop foi envolvida por uma grande carga de positividade. Não havia a consciência das classes econômicas explícitas nas letras, não havia a indústria, o dinheiro e a mídia. Mas havia Sylvia. Bem ou mal, o selo Sugar Hill abriu o tão bem/mal falado mercado para o Hip Hop.
Run DMC inaugura uma nova etapa – a Nova Escola - no Hip Hop. Tratados e trabalhados como uma banda de rock, seu som era sujo e com atitude, quebrando com a “inocência” até então apresentada.
Descrevo algumas das fases (fora de ordem cronológica) que passaram pela música Rap e contribuíram para a sua importância e seu papel na indústria fonográfica mundial:

Fase Last Poets, Gil Scott-Heron, Watts Poets
Fase ll cool j beastie boys ice t above the law
Fase kool moe dee biz markie kurtis blow
Fase BDP/krs one big daddy kane slick rick public Enemy eric b e rakim epmd third bass
Fase def jam
Fase tommy boy
Fase nwa [todos os trampos solo] geto boys epmd [das efx redman]
Fase Mulheres: Mc shan roxane shanté queen latifah yo yo mc lyte boss tlc salt-n-pepa monie love
Fase miami 2live crew [luke]
Fase hammer/vanilla
Fase so so def jermaine dupri [kriss kross lil bow wow da brat]
Fase native tongues [tribe called quest new leaders de la soul jungle brthers]
Fase dre chronic [snoop, D.O.C.] cypress hill house of pain finkdoobiest
Fase wu tang clan [todos os trampos solo] nas
Fase death row records[dre tupac lady of rage] 91-95
Fase bad boy records puffy [notorious big lil kim mase]
Fase no limit records master p [mia x, mystikal] 95 - 2000
Fase fase roc-a-fella jay z [foxy brown]
Fase cash money records 2000-02
lauryn hill eve missy eliot rah digga trina
Fase dre 2000/01[eminem xzibit snoop]
Gangstarr [guru jazzmataz premier], organized konfuzion, alkaholiks, pharcyde outkast, goodie mob the roots, fugees, mos def, dread prez ja rule, ludacris, nelly, juvenile, Neptunes trackmasters/puffy timbaland organized noise def squad rick rubin marley mal dre master p

PS.: Não se esqueça de pessoas como Last Poets, Gil Scott-Heron, Watts Poets. Eles foram como foi o nosso Jair Rodrigues, fizeram rap, décadas antes de maneira inconsciente. Anteviram o futuro da música e devem ser respeitados e lembrados. Ainda falarei exclusivamente deles quando fizer uma revisão neste texto.

O termo hip hop, alguns dizem que foi criado em meados de 1968 por Afrika Bambaatta. Ele teria se inspirado em dois movimentos cíclicos, ou seja, um deles estava na forma pela qual se transmitia a cultura dos guetos americanos, a outra estava justamente na forma de dançar popular na época, que era saltar (hop) movimentando os quadris (hip)...


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ELEMENTO FUNDAMENTAL : DJ

Kool Herc: “O verdadeiro Culpado”
por juny kp! [ out-dez2001]

Hip Hop - com maiúsculas sempre - é o conjunto de quatro formas artísticas distintas chamadas de elementos. Daí a sua complexidade, uma cultura híbrida, sempre em movimento, em evolução constante. Estas formas artísticas foram surgindo no ambiente urbano de Nova York, cidade dos Estados Unidos, na passagem dos anos 60 para os anos 70. O termo foi criado pelo então DJ Afrika Bambaataa, fundador da organização Zulu Nation, referindo-se ao movimento dos quadris.
Djing/Scratching/Turntablism: Significa não apenas tocar música, mas também manipular e criar novos sons. O termo, criado pelo DJ BABU (Beat Junkies), representa a evolução a que o elemento DJ alcançou na década de 90. Hoje um DJ pode realizar performances apresentando os seus conhecimentos no toca-discos; pode produzir música; pode tocar em bailes e festas; pode tocar para um grupo musical (o rappa, os racionais, limp bizkit são alguns exemplos); ele pode construir novas batidas a partir de vinis (beat juggling); pode, ainda, trabalhar em estações de rádio ou programas especializados em Rap. O DJ/Turntablist se torna então um músico.
DJ: A pessoa que manipula aos toca-discos.

Para o Hip Hop, tudo começou com um DJ. Foi Kool Herc que pensou na utilização de dois toca-discos repetindo o mesmo trecho, que chamamos de breakbeat (batida) de um vinil. Deste modo, o DJ poderia aumentar e controlar o tempo da música o quanto quisesse. É preciso citar 2 nomes importantíssimos no longo trajeto dos disk jóqueis. Na década de 30, John Cage manipulava os fonógrafos (pais dos toca-discos) com a mistura de trechos abstratos criando um ambiente modernista. Na década seguinte temos aquele que é visto como o visionário do que hoje representa o DJ. Pierre Schaeffer, influenciado por Cage, tocava vários toca-discos ao mesmo tempo, criando um novo ambiente sonoro. Ele variava as velocidades, os volumes, repetindo os trechos. Herc inovou ao trabalhar em
cima da batida (break) e ao proporcionar o ambiente de socialização entre as pessoas da sua comunidade.
O jamaicano Kool Herc - influenciado pelo dub, toast e dancehall de seu país de origem, onde caminhões repletos de caixas de som percorriam ruas de Kingston com volumes altíssimos - começou a organizar as chamadas block parties ou house parties, as festinhas (ou brincadeiras) em casa ou nas praças e quintais. É nestas festas que o DJ surge e reina absoluto.
O scratch (movimento que consiste em girar o vinil para frente e para trás com a ponta dos dedos em velocidades variadas) foi criado em 1977, por acaso, pelo DJ Grand Wizard Theodore que disse “Estava ensaiando no meu quarto, quando mamãe veio me chamar. Segurei o disco para poder ouvi-la, ao fazer aquilo percebi um som diferente no fone. Então comecei a praticar em diferentes pontos do disco procurando o melhor efeito.” O scratch ficou nos subúrbios por anos até ser “descoberto” pela massa. Nos dias de hoje, as formas diferentes de se fazer um scratch são incríveis! Sempre haverá alguém que será influenciado e recriará aquilo que já havia. Com isso temos scratches como crab, scribble, baby scratch, tear, chop, transform, the orbit para citar alguns.
Grand Master Flash foi a pessoa que inovou o scratch dando o valor que ele tem hoje e criou o back to back (repetição de uma mesma frase nos dois toca-discos). Flash trouxe a performance, o show. Sempre fuçava nos equipamentos na busca de um novo som, uma nova ferramenta que pudesse utilizar em suas apresentações. Enquanto Kool Herc pouco se dirigia ao público, Flash mixava e alegrava a todos com truques corporais e contorcionismos sobre os toca-discos.
Havia um jovem freqüentador das festas de Herc que completaria o tripé original do Hip Hop. Afrika Bambaataa percebeu que tinha a maioria dos discos que Kool Herc tocava em suas festas. Tomou gosto pela coisa e começou a tocar também. Felizmente Bambaataa tinha horizontes mais amplos e descobriu discos que entraram para a discografia básica da Cultura: Trans-Europe Express do Kraftwerk, Champ do Mohawks, Dance to the Drummer’s Beat de Herman Kelly entre outros. Foi membro de uma das maiores gangues da época a Black Spades que no meio da década de 70 foi desaparecendo, neste meio tempo, os elementos do Hip Hop surgiam e se espalhavam pelos quatro cantos de Nova York preenchendo o espaço das gangues. Em 1974, Afrika funda a Zulu Nation, entidade que luta pela “Paz, União e Diversão”. Após quase 30 anos depois, é possível afirmar que a maior contribuição de Bambaataa dentro da Cultura Hip Hop foi sociológica. Sem desmerecer, é claro, a contribuição musical deixada tanto como MC como quanto DJ.
O poder de unir pessoas é uma das principais virtudes de um DJ. Ele pode comandar o andamento e a evolução de uma festa, se ela está ficando incontrolável, ele pode abrandar; se o ambiente está calmo demais ele pode agitar. Uma das melhores formas de agitar a galera era por meio do diálogo direto com o público, remetendo ao ancestral diálogo do calling and response (chamado e resposta) dos escravos norte-americanos. Frases como Can you feel it?, Say yeah!, Put your hands up in the air!, Rock your body! animavam o público fazendo-os reagir. Até hoje estas frases são sampleadas em músicas e utilizadas nos shows de artistas de todo o mundo.
No início o DJ era o responsável por estas incitações, ele falava, ele fazia o povo se mexer. Com o tempo a coisa foi crescendo, as frases foram ganhando corpo e novas foram sendo criadas, frases que se transformaram em estrofes e depois em letras mais eleboradas. O teor era sempre o de animação, de alegria, uma alegria diria até inocente. E os responsáveis pela composição (o MC) ganhavam mais espaço e iam conquistando o seu espaço ao lado do DJ. Com o passar do tempo eles os responsáveis pela animação do público.
A evolução do DJ levou ao surgimento de vários sub gêneros dentro do elemento DJ. No princípio, a evolução foi naquilo que se podia fazer diretamente com o toca-discos. Foram surgindo técnicas que sempre inovavam e revolucionavam. O scratch, o truques com o corpo, o transforming, o beat juggling.
A tão falada evolução levou a competição. Em 1987 o Disco Mix Club (DMC) organizou o primeiro evento onde os Djs podiam mostrar o que sabiam. Com o passar dos anos, já havia DJs no mundo inteiro, assim como novas competições.
Surgem grupos de DJs magníficos como o Invisibl Skratch Piklz (antes chamado de Rock Steady Crew DJs) formado por D-Styles, Mixmaster Mike, A-Trak, DJ Shortkut, Q-Bert e Yoga Frog. Q-Bert e Mixmaster Mike foram proibidos de participar de competições por inibirem a presenças de outros competidores. Seus horizontes não estavam limitados apenas a performances, mas também a realização de vídeos instrituivos, turnês mundiais de promoção. Eles foram a base para a criação da ITF (International Turntablist Federation), cujo termo Turntablist foi criado pelo DJ BABU dos Beat Junkies. O grupo anunciou sua dissolução pacífica em junho de 2000.
Outro supergrupo é o X-ecutioners (antigo X-Men), formado por Mr Sinista, Roc Raida, Total Eclipse e Rob Swift. Sua marca é a de levar os truques corporais a um outro nível de complexidade.
Fechando a tríade, está o Beat Junkies (J-Rocc, Rhettmatic, Melo-D, Babu). Juntos desde 92, vindos do sul da Califórnia, é uma das poucas equipes com um membro feminino. Ganharam vários títulos no DMC, no Supermen e nas competições da ITF. DJ Cash Money, Supernatural Turntable Artists, Allies (A-Trak, DJ Craze e Infamous) são outros expoentes na Djing. Quanto mais os equipamentos evoluem em tecnologia, mais técnicas inovadoras aparecem.
Com o crescimento da música Rap, grupos são formados e o DJ está presente como a pessoa responsável pela base musical sobre a qual o MC/Rapper vai mostrar suas rimas. Como os músicos, os DJs também tem variadas atividades e papéis.
Podem trabalhar como DJs de turnê, trabalham para um determinado grupo durante sua turnê. Existem os DJs que produzem mixtapes (fitas cassetes contendo músicas mixadas com o toque do DJ que a produziu), estas fitas são disputadas no meio underground e são o melhor meio de divulgação de um DJ desconhecido. Dentre os DJs de grupo consagrados posso citar Terminator X (Public Enemy), DJ Yella (NWA), Jam Master Jay (Run DMC) - repare que são todos grupos da fase de ouro do Rap (final dos 80, início dos 90).
Nos últimos 5 anos, o mercado do Rap é dominado pelos produtores e selos fonográficos e não mais pelos DJs. Daí a necessidade da contratação de um DJ específico para acompanhar nos shows.
Dentre os poucos DJs de peso ainda existentes, DJ Premier (Gangstarr), Dj Uneek (BONE) e DJ Muggs (Cypress Hill) são exemplos claros de artistas que deixaram o papel de mero integrante de um grupo de Rap para também, fazer música. São pessoas que se tornam produtores de seus grupos e de outros artistas. Organizam coletâneas com supervisão pessoal e ganham conceito no meio musical. A capacidade de criar um estilo próprio, um som próprio o leva a romper os limites de mero DJ de grupo. Premier, além de exímio produtor, é um excelente DJ de performance. Seus scratches e colagens são marcos na musicalidade Hip Hop.


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ELEMENTO FUNDAMENTAL : BREAK

Kool Herc intima os BBoys e Bgirls na pista. James Brown olha por nós.
por juny kp! [ out-dez2001]

Hip Hop - com maiúsculas sempre - é o conjunto de quatro formas artísticas distintas chamadas de elementos. Daí a sua complexidade, uma cultura híbrida, sempre em movimento, em evolução constante. Estas formas artísticas foram surgindo no ambiente urbano de Nova York, cidade dos Estados Unidos, na passagem dos anos 60 para os anos 70.
O termo foi criado pelo então DJ Afrika Bambaataa, fundador da organização Zulu Nation, referindo-se ao movimento dos quadris.
Breaking, Bboying, Rocking, Break – estilo surgido na década de 70, criado pelos jovens negros e hispânicos de Nova York (EUA). Composto pelo Up Rock (Brooklyn Rock), Top Rock, Freeze e Footwork.
Popping, Locking, Boogaloo, Eletric Boogaloo – estilos surgidos também na década de 70 só que na costa leste dos EUA (Los Angeles, San Francisco e Bay Area) que se integrou ao Hip Hop no início da década de 80.
BBoy/Bgirl – termo criado pelo pai de todos, DJ Kool Herc, para se referir àqueles que dançavam no break das colagens que fazia em suas festas. O DJ brincava perguntando “Onde estão os BBoys e Bgirls?”. Todos já sabiam que Kool Herc iria construir as batidas para o povo dançar. O nome pegou e hoje representa, de modo genérico, o praticante de todos os estilos do Breaking. Mas que fique claro que BBOY e BGIRL são aqueles que dançam o BBOYING, BREAKING.
Breakdance – Termo lançado pela mídia quando esta dança teve seu boom nos anos 80 nos EUA.

Dança de rua. Dança da Rua, feita na rua, criada na rua, crescida na rua. Depois de muito ler e conversar com muitos fundadores, chego a uma conclusão: Seja Breaking, Bboying, Rocking, Popping, Locking, Boogaloo, Eletric Boogaloo ou outro nome que queiram dar, todos estes estilos são da Rua!
É que sempre rolou uma certa treta entre o povo de Nova York e o povo de Los Angeles sobre quem criou o que, quem faz melhor do que quem e estas desavenças que existem em qualquer lugar do planeta..
Falado isto, me arrisco a dar minha visão sobre como tudo isto foi evoluindo e chegou onde está.
James Brown, o Rei do Soul, está por todos os lados influenciando o Break. Estava na cabeça (e no corpo) dos novaiorquinos no surgimento do BBoying no Brooklyn. Brown criou para “Get on the Good Foot”, uma dança espontânea e elétrica, baseada em subidas e descidas, giros e chutes. Os jovens de periferia pegaram o Good Foot e temperaram com a Rua. Surge o Up Rock no bairro do Brooklyn, um estilo de dança baseado no ataque e defesa, coisa que as gangues de rua da época sabiam muito bem fazer para conquistar mais espaço nas ruas.
Enquanto isso, na Costa Oeste, em cidades como Los Angeles, Fresno, o Popping, o Locking e o Boogaloo estão por toda a parte fazendo milhares de jovens dançarem. E James Brown estava lá, marcando presença mais uma vez. Boogaloo Sam disse que deu o nome de Boogaloo para o estilo que criou por causa da música “Do The Boogaloo” (déc. 50). Como os movimentos que Sam faziam eram muito estranhos, ele chamou de Boogaloo. Os estilos surgidos na Califórnia, que são mais complexos e em maior número, possuem uma dezena de gêneros irmãos que influenciaram e foram influenciados por eles:

Strutting Hitting Floating
Cutting Wacking Punking
Showcasing Ticking Hustle
Animation Voguing Scarecrow
Puppet Waving

Se olharmos para os estilos de Nova York, eles apresentam fortes influências das artes marciais (chinesas), das danças nativas da África e dos EUA e da Capoeira brasileira. São mais combativos e ritualísticos. O próprio Up Rock (Brooklyn Rock) consiste em movimentos de ataque e defesa, representando socos, machadadas, marteladas dentro de uma estrutura de 5 tempos.
O Top Rock (originado no Bronx) tem hoje a função de apresentação, ao entrar na roda o Bboy/Bgirl completo, nunca deixa de apresentar o seu Top Rock, é o cartão de visitas apresentando o seu estilo, só depois ele desce ao chão para executar o Footwork. Quem não apresenta o seu Top Rock e o seu Footwork na roda não pode ser considerado um Bboy/Bgirl completo.
Voltando, o Footwork (conhecido por nós como Sapateado) é o trabalho realizado pelos pés movimentando o corpo circularmente com o apoio das mãos. O Footwork é a base do BBoying. Após sua rotina, o BBoy sempre termina sua entrada com um Freeze (uma congelada). Um Freeze bem feito deve durar pelo menos dois segundos na posição escolhida, como já me disse a lenda Mr Freeze.
Por fim, entram os Moves (movimentos). O giro de cabeça, os saltos, os moinhos de vento, etc. São movimentos influenciados pela ginástica e ginástica olímpica com tempero da Rua. Existe uma grande discussão mundial, sobre o valor real dos Moves. Não há dúvida que um leigo em Hip Hop vai achar um Mortal “melhor” do que um Footwork. Porque o mortal é mais difícil, é mais bonito. O que tem ocorrido é que a última geração de BBoys e Bgirls assitem as fitas de campeonatos e vêem muitos Moves. Na hora de ensaiar, esquecem da base (Up Rock, Top Rock, Footwork) e só ensaiam saltos. Não é conservadorismo da minha parte acreditar que um bom BBoy/BGirl é aquele que é completo, ou pelo menos se esforça para isso. Bem, voltemos a estória da bagaça.
Resumindo, eu diria que Nova York é ritual, combate, força; Los Angeles é Funk, é estética, é corpo.
Mas quem dançava tudo isto? A televisão influenciou muitas pessoas no início da década de 70 com programas como The Big Show, What’s Happening e o Soul Train, (neste último, havia 2 Lockers (Jeffrey Daniel e Shalamar) que faziam parte do elenco fixo junto com o lendário grupo L.A. Lockers. Podería até afirmar que jovens de Nova York foram influenciados por jovens de Los Angeles, engraçado não?
Os fundadores em Nova York não podem ser esquecidos (Nigger Twins; El Dorado; Sasa; Mr. Rock). A primeira geração de equipes quase nunca é citada, pois a maioria dos BBoys e BGirl acham que o BBoying começou com a Rock Steady Crew, o que não é verdade. O portoriquenho Trac 2, lendário membro da equipe Starchild La Rock conta que em 1975-76 já havia gente dançando pelas calçadas do Bronx onde estavam a maioria das equipes e que foram os latinos que mantiveram a chama acesa, pois a maioria dos negros viam o Bboying/Breaking como uma moda e abandonavam a dança logo. Cito algumas equipes desta época e membros de destaque que suavam ouvindo “Apache” e “It’s Just Begun”:
Salsoul Crew (vinnie e off); TBB; Zulu Kings (beaver e robbie-rob);
Rockwell Association (bgirl mama maribel); Floor Lords (manhattan);
Floor Masters (manhattan); Starchild La Rock (trac 2, bos);
BBoys in Action; Yoke City Mob ; Young City Boys (freeze, ken swift);
Crazy Comanders Crew (spy e shorty); KC Crew; Master Plan;

A rivalidade já existia entre estas primeiras formaçãos de BBoys, o bicho pegava entre: Salsoul Crew X Zulu Kings e Starchild La rock X Rockwell Association. Rachas históricos foram travados entre estas equipes.
E as minas? Asia One, Roc-A-Fella, Dandy, Lady Rock, Baby Love, Lady Doze, China, Lisette são as Bgirls que formaram a primeira geração. O tempo passa e muitos Bboys e
Bgirls param, casam, vão para a faculdade e uma nova geração surge. É nos anos 80 que o Bboying se transforma em Breakdance (rótulo midiático). O aparecimento de equipes como Floor Masters, Rock Steady Crew, Dynamic Rockers, Magnificent Breakers e The Brooklyn Dinasty entre outras transformaram positivamente e negativamente o cenário do Hip Hop. Cito alguns deles:
Pontos positivos: A realização de filmes sobre Hip Hop deram oportunidade às equipes como a Rock Steady Crew de percorrer o mundo mostrando o seu trabalho; A exposição destes filmes auxiliou o crescimento do Rap, já que sempre eram mostrados os 4 elementos que compõem a Cultura; com a possibilidade das turnês, várias regiões do planeta receberam sementes de Hip Hop;
Pontos negativos: Jovens que apenas queriam se expressar pela dança foram explorados por indústrias fonográficas (exemplo da RSC); A dança sofreu grande saturação devido a sua má utilização em comerciais e programas de tv. Gente sem o mínimo conhecimento do que é Hip Hop faturando alto; Os filmes feitos por Hollywood nem sempre tinham BBoys de verdade, eram atores se fazendo de Bboys e Bgirls. Gente que representava foi omitida e no lugar, colocavam uns manés que ninguém nunca mais ouviu falar.
No fim do túnel sempre há uma luz. E foi assim que Mr. Wiggles, um dos fundadores do Popping/Locking em Nova York, chamou Ken Swift e alguns membros da RSC para montarem um musical chamado “So What Happens Now?”. Este musical falava sobre a vida de BBoys e Bgirls após as luzes do sucesso terem se apagado. Um novo caminho se abriu para a Rock Steady, Wiggles, Fabel e os demais envolvidos neste espetáculo.
Magnificent Force, Rythm Technicians e Rock Steady Crew se juntaram para formar o super projeto Getthoriginal. Totalmente dirigido, coreografado e produzido pelos integrantes, e com patrocínio da grife Calvin Klein, o projeto viajou o mundo, passando pelo Brasil em 1996 (Carlton Dance Festival).
Outras equipes que fazem parte da segunda geração são: Sure Shot Boys (formada por portoriquenhos); Floor Masters (alguns saíram para formar a New York City Breakers); United States Breakers; New York City Breakers; Fantastic Duo Breakers; Negril; Rhythm Technicians; the Incredible Breakers; Full Circle; Mop-Top Crew entre outras.
Enquanto isto, na costa leste, o intercâmbio entre os estilos aumentava e enriquecia a todos. Rockers de Costa Oeste conheciam Boogalooers da Costa Leste. Nova York aprendia sobre Popping/Locking/Boogaloo e Los Angeles aprendia sobre Hip Hop. No final de 1980, duas pessoas seriam os principais influenciadores de Mr Wiggles e Fabel, outros dois mitos do Popping/Locking/Boogie de Nova York (Nova York chama de Boogie, enquanto Los Angeles chama de Boogaloo).
Loc-A-Tron John (Carolina do Norte) e Loose Bruce (San Diego) trouxeram de fora seus estilos de dançar. Wiggles e Fabel foram misturando o que viam na tv, com o que a vizinhança os ensinava, e mais o contato com John e Bruce, foram formando seus estilos próprios. A primeira equipe de Eletric Boogie formada pelos dois foi a Eletrickompany Dancers. Eles nem imaginavam, nesta época, que iriam fazer parte de equipes como Rock Steady e Magnificent Force.
Mas foi o encontro com Sugar Pop, durante um show de Lionel Ritchie em Nova York, que definitivamente abriu suas mentes, Sugar mostrou a eles os detalhes do Popping e do Locking, contou-lhes a origem e os nomes corretos dos movimentos do que eles chamavam de Eletric Boogie. E também apresentou a nata de Los Angeles: Poppin’ Taco, Shabadoo, Boogaloo Shrimp estavam lá. Os novaiorquinos aprendendo Popping/Locking e os californianos Breaking/Up Rocking. O rapper Kool Keith (conhecido como Activity na época), Supreme, The Shack Crew, Muhammed, Snap Shot, Fortune, Fame, Check, Lil’ Sput, Short Circuit, Kippy Dee são alguns dos pioneiros de do Boogie/Locking em Nova York e devem ser lembrados.
A cena em Los Angeles era muito intensa, com vários concursos de dança, espaços para apresentações e até participação e influência em videoclipes como o de Lionel Richie “All Night Long” e “Once in a Liftime” do grupo Talking Heads.
Os fundadores são os Eletric Boogaloos, seguidos pelos L.A. Rockers, Blue City Strutters (depois formaram o grupo de rap-metal Boo-Yaa T.R.I.B.E.) e Funky Bunch. Os Eletric Boogaloos foram contratados na década de 80 pelo astro pop Michael Jackson para coreografá-lo nos shows de sua turnê e em vídeos. Só para deixar registrado que na maioria das vezes é Michael Jackson que aprende com o Hip Hop e não o oposto. Por exemplo, foram os irmãos Hekyll and Jekyll que criaram o Moonwalk, uma das marcas registradas da dança de Michael.
Sugar Pop, Poppin Taco, Shabadoo, Boogaloo Sam (o principal), Pop´n Pete, Boogaloo Shrimp, Jojo, Lollipop e Puppet são algumas das lendas do Popping/Locking/Boogaloo.
O Break se espalhou por todo o mundo e hoje está nos cinco continentes. Equipes tão diversas como Waseda Breakers (Japão), Flying Steps e South Side Rockers (Alemanha), South African Allstars (Africa do Sul), Top 9 (Russia), Black Attack (Nova Zelândia), Crazy New Feeling (Grécia), Nontoper Mielonka (Polônia), Supersonic BBoys, Back Spin Crew, Footwork Crew (Brasil) são exemplos de representantes de qualidade pelo mundo.
E o Brasil? Contar a estória do Brasil é coisa para o próximo texto. Mas uma coisa pode ter certeza, Nelson Triunfo, Nino Brown, 24 de Maio, Estação São Bento, Marcelinho Backspin e Banks são palavras chaves para entender como tudo começou por aqui.


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ELEMENTO FUNDAMENTAL : ARTE GRAFITE

Traços coloridos em um corpo de pedra: Arte Grafite
por juny kp! [ out-dez2001]

Hip Hop - com maiúsculas sempre - é o conjunto de quatro formas artísticas distintas chamadas de elementos. Daí a sua complexidade, uma cultura híbrida, sempre em movimento, em evolução constante. Estas formas artísticas foram surgindo no ambiente urbano de Nova York, cidade dos Estados Unidos, na passagem dos anos 60 para os anos 70. O termo foi criado pelo então DJ Afrika Bambaataa, fundador da organização Zulu Nation, referindo-se ao movimento dos quadris.
Arte Grafite, Grafiti, Graffiti, Aerosol Art – .Expressão artística estética que utiliza como meio a lata de spray e se desenvolve no ambiente urbano. A Arte Grafite reflete a rua. Seu dinamismo, sua duração suas cores. É válido ressaltar que a Arte Grafite Hip Hop difere de Arte Mural, de Aerografia em muros e dos Afrescos. Os temas são outros, as técnicas também. Coube aos brasileiros, uma inovação: a introdução da tinta látex na feitura do Grafite Hip Hop. Americanos e europeus nunca imaginaram utilizar esta tinta em seus trabalhos.
Dividiria a Arte Grafite em dois grupos: O “Grafite Hip Hop” e o “Grafite Acadêmico”. No primeiro, os elementos presentes são as letras e as personagens caricatas presentes em um cenário com influências fortes dos quatro elementos da Cultura Hip Hop. Na segunda estão as “máscaras”, sendo, geralmente, praticadas por pessoas que não possuem vínculos com a Cultura Hip Hop e sim das escolas de Arte e autodidatas e boêmios.
Grafiteiro, escritor, writer – Pessoa que manipula a lata de spray na realização dos Grafites.
Tag, assinatura e/ou Pixação – Tanto pode ser a assinatura do autor de um Grafite, como a assinatura solta pelos muros. Também se refere ao ato de “pixar” (com x). Pixar é expressar e popularizar uma nome, um pseudônimo, uma marca. Geralmente ocorre na fase
Bomb – É a evolução seguinte à do Tag. As letras são preenchidas e possuem 2 cores.

Gostaria de deixar claro que “Grafite” pode ser visto de uma forma bem mais abrangente que a atual. Ela existe desde a Pré-História, passando por Pompéia, pela revolução mexicana na década de 30, pela 2ª Guerra Mundial, formando o Hip Hop no final dos anos 60. Historicamente o assunto é muito maior do que pensamos.
Entretanto, neste texto continuarei comentando especificamente o ambiente e características do Hip Hop e sua formação. Fechando, desta forma, os “quatro elementos” fundamentais da Cultura Hip Hop.
Taki 183 é visto como o primeiro que ganhou fama com o Grafite (ou ainda era Pixação?) em Nova York/EUA. Vivendo num ambiente onde o Grafite/Pixação já vinha sendo utilizado por gangues para fins de demarcação de território e propaganda, Taki 183 lança seu primeiro Grafite/pixação em um caminhão de sorvete no verão de 1970 inspirado por um outro nome, de “Julio 204”.
Mas antes dele, Cornbread e Cool Earl já faziam história na Filadélfia/EUA, como ficou registrado pela revista Philadelphia Inquirer Magazine, em maio de 1971. Além das gangues, o Grafite/Pixação fazia parte de atividades de protesto, como uma forma de expressão direta e rápida.
Com o crescimento do número de Grafiteiros/Pixadores, o próximo passo era buscar se diferenciar dos demais. Num primeiro momento todos os tags eram parecidos. Começam a surgir, setas, asteriscos, estrelas e símbolos que marcassem um estilo próprio. Era necessário dar uma valor artístico maior às letras. A evolução natural levou as letras a ganharem novos contornos, novas formas e cores. Assim surgiram os estilos Bubble (letras mais cheias e arredondadas), Broadway (letras em blocos), Mechanical (inspiradas em metais) e Wild Style (estilo mais complexo onde as letras se fundem formando uma nova composição estética).
O surgimento dos marcadores (canetas com pontas de 1cm a 5 cm) ajudou que os tags fossem multiplicados com uma velocidade incrível. Sua tinta não saia com facilidade e o tamanho de uma caneta ajudava no uso, podendo guardar no seu bolso sem problemas.
O Metrô foi o maior aliado na divulgação desta nova forma de intervenção urbana. Ao pintarem um vagão em determinado bairro, eles sabiam que este vagão passaria por todas as linhas, em todos os cantos da cidade.
Hugo Martinez, ao criar o grupo chamado United Graffiti Artists estabeleceu um novo padrão à Arte Grafite. Neste projeto eram encontrados os melhores de Manhattan, Bronx e do Brooklyn. A eles eram dadas a oportunidade de trabalhar como um grupo e com metas visando uma melhor educação para os próprios artistas e para demais interessados. Com a UGA, Hugo realizou a primeira Exposição de Arte Grafite na faculdade City College em Nova York. No ano seguinte, a Razor Gallery expôs 20 telas gigantescas feitas por membros da UGA estabelecendo a ponte entre os Grafiteiros e o mercado de arte novaiorquino.
Gostaria de registar alguns do “primeiros” mestres da Arte Grafite: Super Kool 223, Stay High 149, Topcat 126, Barbara, Eva 62, Lee 163d, Phase II, Tracy 168, Julio 204, Taki 183, Lady Pink formando a primeira leva do Grafite norte-americano.
Como dito anteriormente, as linhas do Metro eram os pontos mais cobiçados pelos Grafiteiros/Bombers/Pixadores. Após 15 anos de combate, as administrações da cidade de Nova York conseguiram extinguir com as intervenções no dia 12 de maio de 1989. Foram 150 milhões de dólares gastos em limpeza e segurança somando mais de 80 mil horas de trabalhos limpando vagões. Se por acaso aparece um Grafite hoje em um vagão, este é imediatamente removido e limpo. O fim dos Grafites nos metrôs afetou e muitos os jovens que estavam na ativa e viam os túneis e vagões como seu meio de comunicação com o mundo externo.
Foi Superkool 223 que descobriu que ao usar bicos de perfumes, venenos e outros produtos o traço poderia variar se tornando mais espesso ou mais fino. Nos dias de hoje, os Fat Caps (grossos) e os Thin Caps (finos) são vendidos por revistas especializadas em Grafite.
Os trens são outro suporte onde o Grafite é bastante executado. A comunicação neste caso, deixa de ser apenas “dentro da cidade”, passando a ser “entre cidades”. Os pátios são invadidos e lá os Grafites são feitos.
Primeiro os Tags (Pixo/Assinatura), depois os Throw-ups (vômitos, letra contornada com cor de preenchimento), em seguida vieram os Pieces (trabalhos mais elaborados tanto nas linhas como nas cores). Assim foi a evolução das linhas do Grafite. Depois surgiram as Produções (trabalhos complexos com um contexto único amarrando todo o Grafite).
No início dos anos 80 uma segunda geração surge entrando em galerias de arte de renome e fazendo turnês pela Europa. Dondi, Futura 2000, Ladi Pink, Blade, Fab 5 Freddy e Lee Quiñones levaram a Arte Grafite para a Mídia. O cinema foi um grande impulsionador nesta época. Os filmes Beat Street e Wild Style bem ou mal divulgaram a Cultura Hip Hop por todo o mundo. Também os livros Subway Art e Spray Can Art serviram como guia para os interessados de outros continentes.
A Europa, hoje, é rica em Grafitieros de renome mundial como Daim, Loomit e Mode 2, só para citar alguns. E não só a Europa, mas em todos os continentes a Arte Grafite está presente e evoluindo sempre. Cada país coloca uma pitada de sua cultura enriquecendo o Grafite e os demais elementos da Cultura Hip Hop.
A Internet tem papel importante ao estabelecer um diálogo, uma conversa forte entre todos os jovens do mundo que queiram falar, ver, estudar e discutir sobre a Arte Grafite e a Cultura Hip Hop.

O “crime”, a arte, a atitude: palavras abstratas
O que poderia ser a arte Grafite? Seria a utilização daquele pequeno torrão composto do material de mesmo nome sobre o retangular papel canson? Seria, ainda, a técnica de desenho a qual utilizamos lapiseiras 0.5 ou 0.7? Será?! Vou dar uma dica então: Seu suporte (região a ser preenchida) é, na maioria das vezes, de tamanho superior ao do próprio autor. Adivinhou?!!?
Pois bem, estou aqui para tentar explicar a você. Grafite é arte da rua e para a rua. Seu mundo, seu reino são os centros urbanos; seu suporte, os muros e as paredes. O Grafite, a que me refiro, tem como forças motrizes a cor e a forma. Cor que lhe dá vida, luz e movimento; forma, mágica e refinada, com o dom de absorver seus sentidos visuais, levando-nos a refletir sobre seu significado (quando há alguma significação).
Posso afirmar que Grafite é estética. A estética do (in) compreensível, do complexo, do (in) inteligível, do impacto. Jatos de tinta vão perdidos no espaço até alcançar seu destino: a superfície: porosa, lisa, irregular, macia. Não importa. Importa sim, o resultado final obtido. O que parecia manchas coloridas, transforma-se em um só elemento: atraente, portentoso, único. O Grafite.
Passar...Olhar...Estranhar...e não ver mais. Nos dias seguintes, o fluxograma se repete. Só que o fascínio, crescente dia após dia, começa a realçar o seu olhar, e com o passar do tempo (caso dê tempo) você começará a perceber o que aquele enigmático emaranhado de traços e formas pode significar.
Falo do tempo, pois o Grafite é frágil. Do mesmo modo que aparece, pode desaparecer. Vem e vai. O meio urbano, onde vive, assim rege. No momento em que se começa a desvendar seus enigmas...ele pode sumir, apagar. Ou melhor, ser apagado. Ora por uma neutra e atraente camada de tinta branca, ora, por outro Grafite. E assim se inicia mais um ciclo de metamorfoses, na tentativa de “ler” outro mágico conjunto de formas e cores denominado Grafite.
Este constante risco de não mais encontrar aquele desejado Grafite é a peça fundamental na constituição de seu caráter. Sua constante mutabilidade interage com a mutação dos grandes centros urbanos. Assim, com o crescer das cidades, os Grafites se espalham mais e mais a cada dia.

Escrito por


juny kp! (junykp@realhiphop.com.br)

juny kp!, 26 anos, é artista visual (Arte Grafite, produção gráfica, performances, intervenções e instalações), produtor (eventos e artistas), pesquisador da Cultura Hip Hop (trabalha atualmente com a questão de Gênero nos poemas de Música Rap brasileira) e intérprete/tradutor (especializado na área do entretenimento – teatro e dança). Edita o fanzine Nóis Véve de Hip Hop desde outubro de 2000, integrou a equipe de Breaking Supersonic BBoys (SJ Rio Preto/SP) entre 2000 e 2003, formou-se em Tradução pelo IBILCE/UNESP/SJ RIOPRETO.
Gosta de bolacha de doce de leite e do seriado Os Simpsons.

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